Aumentou essa semana o número de países que suspenderam a compra de carne do Brasil. O motivo foi a informação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). de um suposto caso de vaca louca, ocorrido em 2010, em Sertanópolis, interior do Paraná. 

O Globo Rural conversou sobre o assunto com o veterinário Amauri Alfieri, membro do Comitê Científico Consultivo do Ministério da Agricultura, e que acompanhou o caso desde o início. Alfieri também é professor de virologia e de doenças contagiosas da Universidade Estadual de Londrina.

O veterinário esclarece qual a doença que a vaca teve. “Primeiro temos duas posições: que ela tenha BSE, a vaca louca, o príon da vaca louca, isso é certeza absoluta. Eu acredito que a vaca não tenha morrido porque a vaca louca ou encefalopatia espongiforme bovina é uma doença que tem a evolução longa. Podendo ter uma, duas, três semanas de evolução”.
Alfieri fala sobre os sintomas claros da doença. “Neurológicos, tremor muscular, cambaleante, andar torto. Essa vaca não apresentou nenhum sinal químico neurológico”.
“No site oficial da OIE, o Brasil já está em vermelho indicando que ele já teve caso de BSE no rebanho brasileiro”.
O professor explica que a encefalopatia espongiforme bovina é provocada pelo príon, uma proteína presente na maior parte dos mamíferos inclusive no homem. Quando o príon fica doente ele mata os neurônios. O lugar fica com forma de uma esponja. Por isso o nome da doença é espongiforme.
O professor Alfieri diz que são duas as formas de vaca louca encontradas no mundo: a clássica, onde há ingestão de ração, feita com resto de animais contaminados por um príon doente. É o caso que aconteceu na Grã-Bretanha e em outros países do mundo e que matou 190 mil animais. A forma atípica da doença, onde um príon saudável sofre mutação e provoca a degeneração do cérebro.