O coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, em entrevista ao
AgroOlhar, explica que os assentados podem se armar com o novo decreto do Governo Bolsonaro, mas acrescenta que o movimento irá aconselhar o contrário. O novo decreto de porte de armas em áreas rurais do atual governo exclui os movimentos sem terra do armamento, priorizando aqueles com “justa posse de terra”.
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“Nós sempre fomos contra”, afirma o coordenador. “No ponto de vista jurídico, os assentados podem entrar no mesmo programa e obter o posse de arma. (...) [mas] não vamos indicar aos assentados desse Brasil para se armarem porque não acreditamos nisso (...) Governos passam. Daqui quatro anos, se o Bolsonaro aguentar tudo isso oito, é outra conjuntura””, acrescenta.
Gilmar Mauro, que veio à Cuiabá por conta da Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária, conta que não quer que o MST seja temido e, sim, respeitado como um movimento popular.
Segundo informações de O Globo, o novo decreto de armamento especifica que a autorização do porte em áreas rurais aquelas como “justa posse de terra”, o que influi na exclusão dos membros dos movimentos sem terra no armamento. O primeiro decreto apontava que os moradores de áreas rurais poderiam ter a posse sem precisar comprovar tal necessidade.
A Comissão Pastoral da Terra aponta que 140 assassinatos foram registrados nos últimos 30 anos. Somente em 2018, 38 municípios de Mato Grosso sofreram violência e violação de direitos por terra, aumentando em 20% em relação ao ano anterior, conforme aponta o Caderno de Conflitos Brasil 2018, divulgado na última terça-feira (23). No total, 1174 famílias foram vítimas de pistolagem, que é quando sofrem de alguma ação de pistoleiros.