A JBS suspendeu por três dias a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa possui no Brasil. Somente em Mato Grosso são 11 unidades, das quais apenas uma segue com atividades normais de abate. A medida, segundo a multinacional, visa ajustar a produção até que se tenha uma definição quanto às embargos sofridos pelo país desde segunda-feira, 20 de março, após a deflagração da operação "Carne Fraca".
Em nota enviada, a JBS revela que as três unidades que operam normalmente estão localizadas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na Bahia.
Para a próxima semana, a companhia projeta voltar às atividades em todas as unidades, porém com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva. A empresa afirma ainda que trabalha para manter a manutenção do emprego de seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil.
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Como o
Agro Olhar havia comentado na quarta-feira, 22 de março, as informações eram que apenas as unidades de Araputanga e Pontes e Lacerda estavam com a produção suspensa, o que, consequentemente, levou a paralisação da compra de gado na região.
A JBS em Mato Grosso está presente e operando com a divisão JBS Carnes nos municípios de Água Boa, Alta Floresta, Araputanga, Barra do Garças, Colíder, Confresa, Diamantino, Juara, Juína, Pedra Preta e Pontes e Lacerda. Já com a divisão JBS Couros opera em Barra do Garças, Pedra Preta e Colíder. No município de Tangará da Serra a empresa está presente com a marca Seara.
Até o momento, pelo menos oito países anunciaram a suspensão de compra da carne brasileira em decorrência da operação da Polícia Federal: México, Japão, Chile, Suíça, China, Hong Kong, África do Sul e Egito. Além disso, a União Europeia e a Coréia do Sul anunciaram embargos. A Coréia, no entanto, voltou atrás da decisão.
Na quarta-feira, 22, os ministros da Agricultura, Blairo Maggi e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira, foram sabatinados nos Senado. Na ocasião o MDIC revelou que a média diária de exportação de carnes que era de US$ 63 milhões, caiu para US$ 74 mil na última terça-feira (21).
“Se me perguntar qual o prejuízo que espero, a grosso modo, algumas contas que a gente faz preveem que o Brasil terá uma oscilação de mercado de 10%, aproximadamente. Estamos falando em números estratosféricos. Não sabemos ainda o tamanho da pancada que vamos receber”, disse Blairo Maggi, durante a audiência que reuniu as comissões de Assuntos Econômicos e Agricultura do Senado.
A suspensão dos abates em Mato Grosso preocupa os pecuaristas. O Estado possui um rebanho superior a 30 milhões de cabeças de gado, sendo o maior do país, e um abate anual entre 4 e 5 milhões de cabeças.
"Isso nos preocupa muito, porque gera impacto tanto para o pecuarista quanto para a economia do estado. A cadeia produtiva da carne é uma indústria de movimentação", pontua o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires.
Segundo Jorge Pires, paralisar abates por três dias "tem uma representatividade econômica muito grande". Contudo, o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá ressalta que "ainda é cedo" para falar na dimensão de prejuízos que tais suspensões podem causar.
Confira nota enviada pela JBS:
"A JBS confirma que suspendeu, por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa mantém no país. Para próxima semana, a Companhia irá operar em todas as suas unidades com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva. Essas medidas visam ajustar a produção até que se tenha uma definição referente aos embargos impostos pelos países importadores da carne brasileira. A JBS ressalta que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil".