O senador Cidinho Santos (PR-MT) classificou como "espetaculosa" a forma como a operação "Carne Fraca" foi divulgada pela Polícia Federal, deixando a entender que a carne brasileira é imprópria para consumo. Para o parlamentar mato-grossense a falta de informação fez com que em um áudio fosse entendido de maneira errada, como papelão fosse processado junto à carne. Ainda segundo ele, empresas chegaram a perder R$ 5 bilhões de patrimônio em um só dia.
Além de "espetaculosa", Cidinho Santos classificou a operação da Polícia Federal como uma "irresponsabilidade" com o setor produtivo, que no Brasil geral cerca de sete milhões de empregos.
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Na avaliação do senador de Mato Grosso, a operação não esclareceu que dos 4.837 estabelecimentos cadastrados no Sistema de Inspeção Federal (SIF) somente 21 foram citados nas investigações e apenas três frigoríficos foram interditados cautelarmente.
"Empresas nacionais consolidadas, com 80 anos, com 100 anos de história, viram seus nomes jogados no lixo. Há empresas que, em um só dia, perderam de R$ 4 a R$ 5 bilhões de patrimônio", diz Santos.
Até o momento países, como China, União Europeia, Chile e Hong Kong confirmaram restrições à carne brasileira. "Quem não tem conhecimento do setor não sabe do efeito cascata que pode ocorrer. Se permanecer essa situação, nós teremos um colapso. Alguns produtores, donos de frigoríficos, que já estão falando em abater, em matar os pintinhos que estão no incubatório ou que estão para nascer, com a preocupação de não haver onde colocar esses frangos se permanecerem essas barreiras que foram impostas", pontua o senador.
Cabeça de porco na linguiça
O processamento de cabeça de porco para a produção de linguiça, um dos casos citados e classificado como irregular pela Polícia Federal, não é proibido, segundo Cidinho Santos. A questão também foi destaca no último domingo pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. "Na Espanha, bochecha de porco é uma iguaria", afirma o senador.
A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declarou em nota (
clique aqui) que "Ao contrário do veiculado na mídia quanto à suposta irregularidade no uso de carnes obtidas de cabeças de suínos na fabricação de linguiça calabresa, esclarecemos que essas carnes podem ser utilizadas na elaboração de produtos cárneos, o que não representa risco à saúde dos consumidores e, tampouco, representa irregularidade na fabricação de linguiças".