Olhar Agro & Negócios

Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Economia

Políticas públicas representam alicerce para recuperar competitividade do etanol

A retomada da expansão da produção de etanol no Brasil depende fundamentalmente da definição de metas e políticas públicas que permitam a recuperação da competitividade do setor sucroenergético. Sem regras claras e de longo prazo, dificilmente haverá apetite do setor privado para realizar investimentos quem amplie, de forma sustentada, a oferta do biocombustível. A posição foi reiterada pelo diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, durante participação no 17º Clube da Cana, evento anual promovido pela multinacional americana FMC. A edição deste ano foi realizada no Hotel Sofitel Jequitimar, na cidade do Guarujá (SP).

Segundo Sousa, até o final desta década o setor tem o desafio de dobrar a produção de cana para atender à crescente demanda doméstica e internacional por etanol e açúcar. “Nos últimos cinco anos, houve uma drástica perda de competitividade do etanol frente à gasolina, cujos preços vem sendo administrados segundo critérios que não refletem as condições de mercado. O governo vem mantendo o preço congelado por todo este período, gerando um desequilíbrio no mercado de etanol, cujos custos de produção aumentaram mais de 50% no período, sem possibilidade de qualquer repasse de preço ao mercado,” ressaltou.

Souza explicou que existe um déficit de seis bilhões de litros na oferta de combustíveis no Brasil, sem a perspectiva de investimentos em novas plantas industriais para produção de etanol no curto prazo. “Somente uma sinalização do governo poderá reverter esta situação,” avaliou.

Em sua apresentação, o diretor da UNICA expôs algumas propostas defendidas em prol da recuperação do setor sucroenergético, como a necessidade de redução da elevada carga tributária incidente sobre o biocombustível. “Enquanto a tributação sobre a gasolina vem caindo desde 2002, a taxação média sobre o etanol permaneceu inalterada em 31%. Este cenário acaba inviabilizando o produto em quase todo o País, exceção feita a São Paulo, onde o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre o etanol é metade do recolhido na maioria dos outros estados,” explicou Sousa.

O executivo, que integrou um debate coordenado pelo ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Roberto Rodrigues, e que também teve a presença do presidente da Organização dos Plantadores de Cana-de-Açúcar da Região Centro-Sul (Orplana), Ismael Perina, destacou ainda a importância de um planejamento estratégico da matriz de transportes, associado a metas de participação do etanol na matriz e a políticas públicas que estimulem adequadamente os novos investimentos.

Novas tecnologias

No evento, que reuniu diretores e técnicos de usinas e de fornecedores de cana, empresários e especialistas da cadeia produtiva da cana, como o ex-presidente da UNICA, Marcos Jank, outro debate que gerou interesse foi o desenvolvimento de novas tecnologias do setor, fundamentais para o aumento da produtividade e a diversificação da produção canavieira.

Entre as novidades tecnológicas discutidas no encontro, destacam-se as novas variedades de cana, mais resistentes a pragas e condições climáticas adversas, os bioplásticos, que fabricados a partir do etanol emitem menos gases de efeito estufa (GEEs) com as mesmas qualidades técnicas encontradas no produto fabricado diretamente do petróleo, e o etanol celulósico, mais conhecido como biocombustível de segunda geração. Com este novo produto, será possível elevar significativamente a capacidade de produção nas usinas, pois haverá o total aproveitamento da palha e do bagaço da cana, que serão convertidos em etanol.

Organizado pela FMC desde 1995, o Clube da Cana é um dos fóruns de maior importância para o setor sucroenergético. A edição deste ano reuniu cerca de 500 participantes representando mais de 100 usinas brasileiras. Na opinião do presidente da FMC Corporation América Latina, Antônio Carlos Zem, o encontro foi uma ótima oportunidade para debater o mercado sucroenérgetico e seu crescimento com participantes da cadeia produtiva.

“Realizamos esse tradicional evento para adquirirmos e também levarmos aos produtores novos conhecimentos e as tendências do mercado com os principais especialistas, pois nosso objetivo é aproximar e inovar na prestação de serviços, servir nossos clientes no longo prazo e lançar novas tecnologias que tragam conveniência e produtividade,” afirmou.

A FMC é hoje uma das empresas mais atuam no setor sucroenergético nacional. Além de fornecer produtos para as áreas agrícola e industrial, mantém parcerias com empresas e entidades do segmento. Uma delas é o Projeto RenovAção, programa modelo de requalificação de trabalhadores que atuam no plantio e no cultivo da cana-de-açúcar. Em dois anos e meio, a iniciativa, que é coordenada pela UNICA e pela Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), já requalificou mais de 4,5 mil cortadores de cana, além de servir de molde para a formação de outros 16 mil trabalhadores em programas semelhantes conduzidas por 84 usinas.

A FMC também participa, juntamente com outras quatro empresas e dez entidades, do Projeto AGORA, iniciativa de marketing e comunicação integrada que reune a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. O projeto foi reconhecido como o principal projeto de comunicação empresarial do Brasil em 2011 pela Aberje, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet