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Sábado, 27 de abril de 2024

Notícias | Agronegócio

Governo paranaense quer dobrar produtividade na cafeicultura

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, acredita que é possível dobrar a produtividade nas lavouras de café no estado sem aumentar a área de plantio, apenas com a adoção de novas tecnologias.

Atualmente, a produção média do Paraná é de 23 sacas por hectare, mas há casos de propriedades onde o rendimento é quatro vezes maior. Por isso, o secretário imagina que dá para chegar à casa de pelo menos 40 sacas do produto por hectare.

Em entrevista à FOLHA na abertura de Ficafé em Jacarezinho, Ortigara disse que o Paraná dificilmente vai voltar aos bons tempos da cafeicultura, quando o estado chegou a produzir 20 milhões de sacas por ano. Hoje, a produção é inferior a 10% comparada com aquela época.

O secretário considera o Norte Pioneiro como um exemplo de produção de café com qualidade em pequenas áreas.

Como o senhor avalia a cafeicultura atualmente no estado do Paraná?

O Paraná nos velhos tempos produzia grandes quantidades, mais de 20 milhões de sacas de café por ano, era líder na produção, forjou o atual Paraná através de suas receitas, empregou muita gente, gerou economia, gerou oportunidades, mas essa cafeicultura não existe mais. A nossa cafeicultura, depois das grandes geadas na década de 1970 é uma cafeicultura mais restrita, de menor tamanho e se coloca hoje, na quarta ou quinta posição nacional em termos de volume, 1,6 milhão a 2 milhões de sacas por ano, apenas. Nós estamos buscando uma coisa diferente. Estamos buscando mais produtividade por hectare; desenvolvemos a técnica do adensamento de plantas, que hoje predomina na pequena propriedade, já que ela ajuda a superar um dos problemas modernos que é a carência de mão de obra e estamos perseguindo, acima de tudo, o padrão de bebida mais elevado. Queremos que as nossas bebidas se classifiquem como no mínimo de bebida dura para cima para pode pegar um preço melhor.

E como alcançar este objetivo?

O café é uma bebida igual ao vinho ou outra bebida e precisa de qualidade para ser bem aceita nos mercados mais exigentes. É uma arte importante conciliar a produção na pequena propriedade, que hoje é característica do Paraná; alguns locais são verdadeiros pomares de café e outros uma lavourinha um pouco mais ampliada. Devemos conciliar isto com a perseguição de uma meta de produzir bebida de qualidade. E acho que o Norte Pioneiro está conseguindo. Aqui se concentra hoje, praticamente, mais da metade da cafeicultura do estado. Foi quase que automático. A área é de menor risco, climaticamente falando, e despertou o interesse em investir, de fato, na busca de qualidade.

Ou seja, o Paraná dificilmente vai recuperar aquela produção que tinha antigamente, mas pode melhorar muito em termos de qualidade. É isso?

Recuperar a produção do passado é uma coisa impossível no horizonte das próximas décadas. Nós defendemos uma boa cafeicultura, em uma pequena área, compondo as oportunidades de renda da pequena propriedade. A nossa produtividade hoje está em torno de 23 sacas por hectare, mas com gente produzindo 80 ou 100 na mesma área. Acho que nós teremos um ganho fantástico se conseguirmos avançar na busca de mais produtividade, chegando perto de 40 sacas, que é uma meta que nós traçamos. Assim, estaremos reduzindo o custo de saca produzida com certeza e enfrentaremos preços ruins como tivemos nos últimos 10 anos. De um ano e pouco para cá, os preços melhores permitiram esse avanço. Nós não vamos ter grandes volumes, mas é possível crescer com a conquista de mais produtividade e crescer para algo em torno de 2,5 milhões, quem sabe 3 milhões de sacas, sem ter que aumentar um pé adicional de café plantado no paraná.

O senhor acha que produzindo café com mais qualidade o Paraná tem boas chances no mercado internacional?

Bebida boa vende o tempo todo. Bebida arriada, bebida ruim, bebida iodada não vende tão fácil. Bebida boa vende e atrai os bons compradores de cafés especiais de todo o mundo, e eles pagam um preço melhor por isso.

Pode se dizer que o Norte Pioneiro está sendo exemplo neste sentido?

Vale o esforço da região de diferenciar, de ter a identificação de origem e de mostrar que tem um café bom aqui. O Norte Pioneiro está mostrando que o Paraná não é mais aquela coisa que diziam, que xigavam, que a bebida boa era a de Minas Gerais e que a daqui era porcaria. Esse jogo nunca foi verdadeiro. Era o mercado que assim carimbava. Os cafeicultores da região estão provando que produzem alta qualidade.
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