A decisão de emprestar dinheiro para alguém costuma ser simplificada em três Cs: a capacidade de pagamento (ou seja, a renda), o colateral (a garantia do empréstimo, como o imóvel no financiamento imobiliário) e o caráter (em outras palavras, se a pessoa realmente pretende devolver o que pegou emprestado). É com base nessas variáveis que o banco decide para quem dá crédito e qual taxa de juros vai cobrar.
Oferecer poucas garantias significa pagar mais juros. Por isso o crédito imobiliário é tão mais barato que o cheque especial, por exemplo – há uma casa ali de garantia. Ter uma renda baixa para o crédito em questão também aumenta o preço do empréstimo, já que o salário em si é uma espécie de garantia.
Já a variável caráter, tão abstrata, leva em consideração estar no cadastro de devedores ou atrasar contas com recorrência na instituição em questão.
Tendo isso em mente, dá para começar a entender quais os riscos de uma alta da inadimplência no próximo ano.
A capacidade de pagamento está diretamente ligada ao emprego. E isso é bem óbvio quando dito de forma isolada. Se você for demitido, vai ficar mais difícil pagar a fatura do cartão. Só que é preciso multiplicar as faturas e outras contas para a magnitude da crise atual. A taxa de desemprego está em 14,6% e mais de 14 mihões de cidadãos procuram trabalho sem sucesso. São pessoas que estão com menos dinheiro no banco.
Se todas essas pessoas que perderam renda ao mesmo tempo deixam de pagar o que devem, isso cria um problemão para os bancos. Pense assim: eles até esperam que alguém entre você e seus vizinhos dê um calote. É do jogo. Mas eles não contam com uma coisa – que todos do prédio digam, ao mesmo tempo, que não vão poder pagar. Aí complica.
Bancos trabalham com uma reserva para cobrir inadimplência. E os grandes bancos do país até teriam como tapar um furo relativamente grande. Mas o resultado é que, dali para frente, será preciso emprestar menos para diminuir os riscos de perda.
Num cenário de inadimplência em cascata, cada vez menos gente consegue crédito para comprar e para empreender. Com menos consumo e menos empresas novas, cada vez mais gente perde o emprego. Isso retroalimenta a inadimplência, e o ciclo começa de novo. No fim, essa espiral destrutiva leva a economia ao colapso. É o que aconteceu nos EUA após a Crise de 1929, e o resultado foi a Grande Depressão.
Antes que tudo ruísse em 2020, o Banco Central deu uma ajuda financeira para que os bancos transformassem a alta quase certa na inadimplência em uma pedalada. Por períodos entre três e seis meses, clientes puderam deixar de pagar prestações e as parcelas adiadas foram para o final do contrato. O buraco dos calotes não abriu.
O que não se promete agora em 2021 e 2022. O planejamento e poupança de valores será o segredo. Juntar o dinheiro é pagar as contas à vista.
Todos os tipos de Contratos Bancários, isso fará a diferença.
Solução: trabalhar com um jurídico preventivo. Especialista na área Bancária.
Fabianie M. Mattos Limoeiro, Escritora e advogada Civilista Especializada em Direito Bancário, fundadora da Mattos Limoeiro Advogados há 18 anos e Administradora Judicial no TJMT. Presidente da Comissão de Direito Bancário na ABA-MT. IG:@fabianiemattoslimoeiro – www.mattoslimoeiro.com.br