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Sábado, 23 de novembro de 2024

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O perigo da flexibilização da terceirização

Vimos nos últimos dias longos debates sobre a flexibilização do trabalho terceirizado. Se esse projeto for totalmente aprovado, será permitido que as empresas contratem colaboradores terceirizados, independentemente da sua função ou cargo dentro da empresa.

Por conta dos diversos impostos e da alta burocracia que temos no nosso querido Brasil, muitas empresas já terceirizam algumas funções, como limpeza, segurança, recepção e etc. Com a aprovação dessa nova lei, a tendência é o aumento significativo do número de colaboradores terceirizados.

Toda decisão vem acompanhada de vantagens e desvantagens. Enquanto a ideia da flexibilização é trazer competitividade e gerar mais empregos (o que é legítimo e extremamente importante), do ponto de vista da GESTÃO dos negócios, isso será muito perigoso.

Explico. Um dos grandes problemas nas empresas é o famoso alto turn over (rotatividade de colaboradores). E um dos principais causadores da alta rotatividade é justamente a adaptação à cultura e à realidade daquela empresa.

Ao fazer reuniões com diversas empresas de todo o Brasil, uma das maiores queixas é que os colaboradores não são engajados. Como é que um colaborador que trabalha na sua empresa e, teoricamente, nem da sua empresa é (juridicamente falando), poderá estar engajado no seu propósito? Minha resposta: TREINAMENTO e DESENVOLVIMENTO.

A terceirização das funções não pode, nunca, ser acompanhada da terceirização da responsabilidade pelo desenvolvimento desse profissional. E essa é, infelizmente, a realidade de muitas empresas brasileiras!

Para conseguir manter uma imagem forte, que ultrapassa os muros da organização, os colaboradores precisam estar em total sintonia com a cultura da empresa, ou ela não será praticada por eles. Uma organização, com missão definida, que cria processos condizentes com ela, ganha credibilidade com o seu time, pois terá mais do que um discurso, terá ações reais que provam o que ela fala.

Por exemplo, se sua organização se diz aberta a receber as ideias de seus colaboradores, precisa realmente dar voz a eles. Se os líderes não dão liberdade para que os colaboradores falem abertamente, a cultura da sua organização não está sendo praticada e talvez você não esteja enxergando isto.

Uma empresa de cultura forte se preocupa em fazer com que seus valores sejam praticados em todos os momentos - nunca abandona seus funcionários. Está lá, junto com eles, mostrando que existe uma coerência nos processos. Tudo fala a mesma língua e funciona de maneira única: a contratação, o treinamento, a seleção, a relação com os funcionários, a entrega para o cliente.

Vejamos o que fazem as maiores marcas do mundo. Disney, Apple, Facebook, Google e muitas outras. Elas não contratam pessoas apenas olhando as funções. Elas contratam pessoas apaixonadas pelas suas marcas. São profissionais que defendem a empresa com unhas e dentes e são verdadeiros fãs. Essas grandes empresas assumem a responsabilidade do treinamento e desenvolvimento dos seus colaboradores, tendo um grande envolvimento de cada colaborador na CULTURA e no PROPÓSITO da empresa.

Você pode estar se perguntando. Ok, Alexandre. Mas o que isso tem a ver com terceirização? Tudo! Seres humanos não podem ser tratados como peças que podem ser repostas a qualquer momento. É preciso achar a pessoa certa, que encaixe no seu negócio! Pensando no seu crescimento e na sua carreira no médio e longo prazos.

Não estou aqui defendendo o término do trabalho terceirizado. Defendo fielmente que as organizações devam assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento daquele colaborador e trata-lo da mesma forma que tratam os demais colaboradores. Caso contrário, a empresa estará fadada a ter um “estranho” no ninho tocando os seus negócios. E depois poderá ser tarde demais para corrigir o estrago.





*Alexandre Slivnik iniciou carreira aos 16 anos na ABTD - Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, onde tomou paixão pelo universo de treinamento e desenvolvimento. Neste período, formou-se em Educação Física pela Universidade Mackenzie, com ênfase em Qualidade de Vida Empresarial e aprendeu ainda mais sobre esta área desenvolvendo importantes projetos em treinamento. Tornou-se, anos mais tarde, diretor executivo da ABTD, responsável pelo setor de eventos que desenvolve o maior congresso de treinamento da américa latina, o CBTD. Autor do livro best seller "O Poder da Atitude" (Editora Gente, 2012), e com 17 anos de experiência na área de RH e Treinamento; um dos maiores especialistas em excelência Disney no Brasil fez diversos treinamentos com o Disney Institute sobre os temas: Excelência em Liderança, Inovação e Criatividade, Qualidade em Serviços e Excelência em Negócios; Palestrante Internacional com experiência nos EUA, ÁFRICA e JAPÃO.
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