Biotecnologia e biossegurança são temas cada dia mais presentes na vida do cidadão comum e, especialmente, na rotina dos produtores rurais. A inserção do tema no rol de discussões da Bienal dos Negócios da Agricultura, revela a necessidade de compartilhar informações, tanto a respeito da aplicação da tecnologia, quanto da sua comercialização. “O universo transgênico torna-se cada vez mais complexo, é uma tendência e isso reflete na comercialização do produto”, observou Marcus Vinícius Segurado Coelho, coordenador de Biossegurança de OGM da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele foi um dos participantes do talk show O Futuro da Biotecnologia – os desafios da biossegurança e modelos de remuneração, realizada nesta sexta-feira (09.08).
Segundo dados do Mapa, de 2005 a 2013 foram autorizados 36 tipos diferentes de transgênicos – milho, soja, algodão e feijão – mas apenas uma minoria está em produção comercial como é o caso da soja. Dos cinco tipos autorizados, apenas dois estão efetivamente no mercado.
Apesar de uma resistência inicial, os transgênicos derrubaram barreiras e hoje são 40 milhões de hectares cultivados com soja, milho e algodão no país. “A adoção na semente geneticamente modificada no Brasil foi bastante rápida com significativa participação do sistema produtivo”, informou Coelho.
Ainda há, no entanto, desafios que precisam ser superados. Um deles é a assimetria de aprovações que prejudica a comercialização dos transgênicos entre os países, inclusive o Brasil. “O desnível entre o que está aprovado no país e o que está aprovado no país importador acontece por conta dos diferentes sistemas regulatórios”, observou o representante do Mapa. “O Brasil ainda está em busca de soluções que sejam menos impactantes no mercado e que facilitem a exportação dos transgênicos produzido no país”.
Outro desafio envolve os modelos de remuneração, ou seja, como se dará a cobrança da inclusão de várias tecnologias dentro de um único grão. “Precisamos começar a discutir esse assunto, é uma nova situação cujas informações precisam ser disseminadas entre os produtores que são os consumidores destas sementes geneticamente modificadas”, frisou Ricado Tomczyk, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
“Quanto vou pagar e como vou pagar são questões que têm envolvido os produtores de Mato Grosso e do Brasil nos últimos meses. Temos que pensar e o que propor para conseguirmos equilíbrio de relação de negócio entre todas as partes no mercado de sementes geneticamente modificadas”, alertou Rui Prado, presidente da Famato. “Hoje temos uma legislação complexa, mas não abrangente e que precisa se modernizar”.
A Bienal - Organizada pelas Federações da Agricultura e Pecuária dos Estados de Mato Grosso (Famato), Mato Grosso do Sul (Famasul), Goiás (Faeg) e Distrito Federal (Fape-DF), a Bienal acontece nos dias 8 e 9 de agosto no Cenarium Rural, em Cuiabá.