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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Marãiwatsédé

'Em Suiá Missú, não adianta pedir polícia, não vou colocar', vaticina Silval Barbosa

Foto: Secom

'Em Suiá Missú, não adianta pedir polícia, não vou colocar', vaticina Silval Barbosa
O governador Silval Barbosa (PMDB) foi enfático em afirmar que não vai mandar força policial para a retirada de não índios da gleba Suiá Missú, na reserva dos índios Xavante Marãiwatsédé. Lá, indígenas e posseiros estão em conflito há duas décadas e o ambiente é de tensão no local.

A afirmação foi feita durante coletiva à Imprensa, no Congresso de Direito Constitucional em Cuiabá, quando o governador explicava sobre impasses de demarcação de terras e falta de diálogo do governo federal quanto ao tema.
"Na área Suiá Missú, não adianta pedir polícia do Estado, eu não vou ceder. Não vou colocar polícia onde entendo que poderia ser solucionado em discussão com bom senso", cobrou.

Há duas semanas, o juiz da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, Julier Sebastião, determinou que os posseiros que ocupam a reserva de Maraiwatsede desocupem a área a partir do dia 1 de outubro.

O governador desaconselhou o acirramento dos ânimos nesses casos. "Se temos uma área para discutir, porque ir para o conflito. Isso que não dá para entender", lamenta Silval.

Para pressionar pela não desintrusão, posseiros fizeram bloqueio de rodovias este ano. A Associação dos Produtores da Gleba Suiá Missú (Aprosum) já afirmou que os posseiros são resistentes à saída da área e que a retirada deles não deve ser pacífica.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) encaminhou recentemente uma proposta de acordo à 1ª Vara Federal em Mato Grosso, a partir de decisão elaborada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). O prazo estabelecido para a retirada dos não-índios das terras da reserva era de 30 dias, cujo prazo encerraria agora no final deste mês.

Histórico

A terra indígena Marãiwatsédé tem 165.241 hectares e é cobrada pela etnia Xavante como do seu direito desde 1992. A área fica entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia, no Nordeste de Mato Grosso, na divisa com Tocantins.

A pressão ambiental e política é maior pelo fato da terra ficar no entorno do Parque Indígena do Xingu, à leste da reserva. A propriedade chegou a ter 560 mil hectares, que com o tempo foi fatiada entre diferentes proprietários, inclusive uma empresa multinacional.

A antiga fazenda Suiá Missú é resultado de programas e políticas de interiorização desencadeada pelo governo federal, notadamente nas décadas de 1960 e 1970, como aqueles financiados pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Desta forma, foram criados latifúndios agropecuários.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Instituto Socioambiental (ISA), a fazenda Suiá Missu foi uma das primeiras criadas na região, e que entre 1966 a 1976, recebeu recursos da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, uma ONG da iniciativa privada, de cerca de 30 milhões de dólares.
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