A Ferrugem Asiática pode ser um dos prontos críticos da próxima safra de soja em Mato Grosso. O alerta é da Aprosoja que, em parceria com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizou um levantamento que apontou possíveis focos por todo o Estado.
O vazio sanitário, 90 dias de proibição do plantio de soja com objetivo de acabar com o fungo, terminou no último dia 15. No entanto, segundo mostra a pesquisa, muita soja guaxa foi encontrada em locais como beiras de rodovia, obras em estradas e perímetros urbanos.
Duzentas cidades e dezessete rodovias foram visitadas e em 92% desses pontos foi encontrada soja guaxa verde. Dessas plantas, 85% continham esporos da doença, revelou Wanderlei Dias Guerra, do Mapa.
Nery Ribas, Gerente Institucional da Aprosoja, alerta que o cuidado deverá ser redobrado na safra que se inicia. “O prejuízo que a ferrugem pode causar, ela já nos mostrou. Tem um efeito dominó, pode prejudicar muito toda a cadeia”, ressalta Ribas.
Ele explica que nos últimos dois anos o período de estiagem foi bastante prolongado, auxiliando no controle da doença.
Este ano o período de chuvas foi alongado, registrando, de maneira totalmente atípica, muitas chuvas até o mês de julho, beneficiando o fungo, que precisa da planta verde e de umidade para se proliferar.
Um dos municípios em destaque no levantamento é Primavera do Leste, onde uma quantidade muito grande de soja guaxa foi encontrada às margens das estradas e no perímetro urbano.
Ribas adianta que a região, acrescida dos municípios de Campo Verde, Dom Aquino e Rondonópolis, provavelmente terá focos da doença. Nessas cidades a chuva já começou a cair esta semana.
Ronaldo, Coordenador de Defesa Vegetal do Indea, afirma que este foi o pior ano encontrado pela fiscalização. Segundo ele, o numero de produtores autuados foi recorde. De aproximadamente 2.800 visitados, mais de 300 foram notificados e 41 autuados, contra 30 autuações no ano passado.
No entanto, Nery Ribas diz que o maior problema não tem sido nas propriedades, mas fora delas, em áreas sem dono onde nascem involuntariamente as plantas, provenientes de sementes que caem na beira das estradas durante o transporte, por exemplo.
O gerente da Aprosoja pede que o produtor fique atento ao problema. “A situação é muito crítica. Que o produtor faça as aplicações na quantidade certa, no tempo correto e abuse do monitoramento. A palavra da vez é monitoramento”, pede Nery.