Produtores de soja do Mato Grosso estão com dificuldade em encontrar certos tipos de variedades de sementes para o plantio desta próxima safra 2012/2013. A procura pela compra começou há meses e mais de 90% das sementes de soja ofertadas no estado já foram comercializadas.
Esta forte demanda por sementes de alta tecnologia se explica pelas cotações da oleaginosa que registram recordes regionais e a atual seca dos Estados Unidos que derrubou a produção de grãos, principalmente do milho.
O vice-presidente da Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso (Aprosmat), Elton Hamer, explica que com a quebra da safra de milho nos EUA, os produtores brasileiros vêem a oportunidade de investir mais na cultura. Por isso, a procura por cultivares de soja com ciclo precoce cresce, pois como o tempo de maturação da oleaginosa é mais curto, essa permite o plantio segunda safra, ou como conhecido “milho safrinha”.
“Há uma promessa muito boa para próxima safrinha de milho por conta da situação das lavouras norte-americanas. E para isso, os produtores usam variedades com menor ciclo e essa grande procura que causou a falta”, explicou. Os produtores também se deparam com a escassez de cultivares de outras características e a alta nos preços. “Além de cultivares de ciclo curto, estão em falta variedades resistente a nematóides e alta performance. A pouca oferta reflete também no preço, que naturalmente aumenta”, revelou.
A carência de determinadas cultivares faz com que os produtores optem em substituir as sementes por outras. “Os produtores não deixam de plantar. Eles acabam por fazer a substituição por outros tipos de sementes. Como por exemplo, por uma cultivar de ciclo mais tardio, aí pode ser que talvez ele não consiga fazer a segunda safra (milho). Além disso, ele gasta mais com aplicações de fungicida, porque a variedade de ciclo longo fica mais tempo no campo e demora mais a maturar”, comentou.
Segundo Hamer, a falta de determinadas cultivares no mercado de sementes da região centro-oeste, em especial Mato Grosso ocorre todo ano. Por isso os produtores começam a comprar a oleaginosa para plantio quase um ano antes, no período de dezembro, ainda quando se trabalha a safra anterior. Hamer explica que isso acontece porque é difícil estimar a demanda por sementes por fatores como clima e outras eventualidades. “É complicado por que dependendo do clima nem sempre se consegue produzir o tanto que quer. E como é que se estima também que vai haver uma quebra na safra dos EUA?”, conclui.
Projeção safra de soja 2012/2013 - De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgados este mês, o Brasil poderá produzir mais soja do que os Estados Unidos e superar os norte-americanos na produção da oleaginosa pela primeira vez na temporada 2012/2013.
A projeção para safra de soja do Brasil 2012/2013, com plantio a partir de meados de setembro, foi elevada para 81 milhões de toneladas, ante 78 milhões da estimativa de julho, segundo o USDA.
Na safra 2011/2012, cuja colheita está encerrada, o Brasil poderia ter colhido cerca de 80 milhões de toneladas se o clima tivesse colaborado. No entanto, produziu aproximadamente 65 milhões de toneladas de soja.
O recorde histórico de colheita da oleaginosa no Brasil foi registrado em 2010/11, quando o país produziu pouco mais de 75 milhões de toneladas.