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Terça-feira, 22 de outubro de 2024

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RELATÓRIO DA XP

Dívidas de produtora de etanol chamam atenção do mercado financeiro; rating em baixa

Foto: Divulgação

Dívidas de produtora de etanol chamam atenção do mercado financeiro; rating em baixa
A gigante do agronegócio, FS Bioenergia, pioneira na fabricação de etanol de milho no Brasil, tem chamado a atenção pelo alto endividamento, e baixa no rating da empresa. No início de setembro, a Moodyʼs do Brasil rebaixou o rating da empresa de uma perspectiva estável para negativa. Movimento semelhante foi feito pela S&P, em fevereiro deste ano.


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Segundo a Moodyʼs, os motivos para o rebaixamento estão relacionados a uma deterioração das métricas de crédito, resultado de um cenário desfavorável nos preços de milho e etanol, mais investimentos na construção da terceira planta e uma alta distribuição de dividendos.

Já a agência de classificação de risco Fitch anunciou que estava mantendo o rating da FS em “BB-" e uma perspectiva estável para a companhia”.

A XP divulgou um relatório na segunda-feira (14), que reforça a preocupação do mercado com o endividamento, como o aumento no valor do estoque.

Segundo o relatório, empresa contava com estoques de milho baratos, até a safra passada, sua principal matéria-prima e com preços altos do etanol, seu produto de venda. Mas na safra 2023/2024 a situação se inverteu.

No relatório da XP, as analistas Mayara Rodrigues e Camilla Dolle, ressaltam que com a queda do preço do milho, o estoque da FS encontra-se mais caro do que o preço negociado no mercado (R$ 51,94 por saca na safra atual ante R$ 40,5/saca na próxima safra, em média).

Segundo o balanço financeiro da companhia divulgado em agosto, o aumento das dívidas foi impulsionado por um fluxo de caixa operacional negativo de R$ 289,2 milhões no trimestre.

A FS apontou que o principal motivo foi o aumento do capital de giro: "resultado dos pagamentos de milho que foram postergados de trimestres anteriores", diz a nota oficial.

Ao final do primeiro trimestre de 2025, a dívida bruta total atingiu R$ 10,2 bilhões e o caixa, R$ 3,8 bilhões. Com isso, a dívida líquida foi 27,4% superior ao primeiro trimestre e 19,6% superior ao quarto trimestre de 2024. De um trimestre para outro, a dívida líquida da companhia aumentou R$ 1,05 bilhão e bateu R$ 6,4 bilhões.

Somado a isso, a XP pontua que a empresa reportou um “risco sacado” (linha de crédito que possibilita fornecedores anteciparem os recebíveis com vencimentos futuros) de R$ 1,3 bilhão, classificado na conta de fornecedores e que não compõe o seu índice de alavancagem.

“A maior parte deste valor estava classificado no curto prazo, o que deve pressionar a sua necessidade de capital de giro no trimestre seguinte, se a posição não for refinanciada”, destaca o relatório feito pelo time XP.

A corretora vê uma estrutura de capital frágil na FS, que possui um patrimônio líquido (PL) negativo em relação ao preço de seus ativos.

“Indicadores em relação ao PL das empresas são comumente utilizados na análise da saúde financeira das companhias, no intuito de averiguar o quanto da operação é suportada por capital próprio”, diz a análise.

Neste sentido, ela acredita que o indicador pode enfraquecer suas métricas de crédito perante credores, e afetar refinanciamentos no médio prazo.

“Considerando a evolução do Ebitda dos últimos doze meses, utilizado no cálculo do endividamento, acreditamos que o pico de alavancagem deve ser atingido entre o trimestre atual e o próximo. Depois disso, pode ocorrer o início da desalavancagem a partir do final do ano corrente, direcionada pela queda do custo com o milho, aliada ao maior volume processado devido à nova planta de Primavera do Leste”, destaca outro trecho do relatório.

No entanto, também há alguns pontos positivos, como a dívida da empresa ser bastante alongada, e concentração de plantações em Mato Grosso, maior produtor nacional de milho, garantindo um diferencial para ter matéria-prima em preços mais competitivos.

“Na nossa visão, avaliamos que a sua posição de liquidez, aliada ao cronograma de dívidas alongado e ao menor montante de capex previsto adiante e à manutenção do preço do milho em patamar relativamente baixo, deve servir de contraponto à maior alavancagem”, diz o relatório.

(com informações da AgFeed)
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