A comissão da Missão Logística Europa 2024, organizada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), se reuniu na sexta-feira (20) com o embaixador do Brasil em Berlim, na Alemanha, Roberto Jaguaribe, para discutir as principais preocupações dos produtores mato-grossenses em relação à nova lei europeia sobre desmatamento.
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De acordo com o presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber, a reunião com o embaixador Roberto Jaguaribe foi focada em abordar as implicações da nova legislação europeia e a importância de promover a sustentabilidade praticada pelos agricultores brasileiros.
“Tivemos uma conversa muito boa com o embaixador Roberto Jaguaribe e novamente trouxemos essa preocupação com a nova lei antidesmatamento europeia, inclusive tivemos notícias que a Alemanha está pedindo a prorrogação. Aproveitamos também para pedir a ele estratégias para divulgar melhor a sustentabilidade que o produtor brasileiro tem praticado e vamos avançar nos assuntos ambientais nas relações comerciais com a Europa”, afirmou Lucas Costa Beber.
O senador Wellington Fagundes (PL), que acompanhou a missão, também destacou na reunião a importância de atrair investimentos para o estado. “A Alemanha foi um dos principais países a investir na industrialização brasileira e a relação com a Embaixada é fundamental para atrair empresas que queiram investir nessa região”, disse Fagundes.
O senador Fagundes e Lucas Costa Beber também ressaltaram a questão do prazo para a implementação da nova lei europeia, que pode gerar desafios logísticos e econômicos para os produtores brasileiros. “A Alemanha pediu seis meses de prazo para o cumprimento dessa lei que querem impor ao Brasil e ao resto do mundo”, explicou Fagundes. “E deixamos claro que o Brasil tem capacidade de produzir com sustentabilidade, ao mesmo tempo em que traz desenvolvimento para sua população”, complementou o presidente da Aprosoja MT.
No dia 11 de setembro, durante a reunião bilateral entre o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e o comissário europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Januz Wojciechowski, foi formalizada a entrega da carta que pede à União Europeia a suspensão da Lei antidesmatamento e a revisão da abordagem punitiva aos produtores que cumprem a legislação vigente.
A ação ocorreu paralelamente às reuniões do Grupo de Trabalho da Agricultura do G20 na noite desta quarta-feira (11), no município de Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. O principal foco do G20 Agro é a sustentabilidade na produção agropecuária. A carta foi entregue simultaneamente, em Bruxelas, às autoridades comunitárias competentes.
Conforme a proposta da União Europeia, a partir do final de 2024, produtores brasileiros de soja, carne (e couro), madeira, borracha, café, cacau e óleo de palma que quiserem exportar para os países do bloco precisarão atender a complexos procedimentos de verificação para comprovar que sua produção cumpre a legislação brasileira e que não provém de áreas com desmatamento, seja ele legal ou ilegal.
Principal tema da reunião bilateral, a valorização dos agricultores e o futuro da produção estão diretamente relacionados ao pedido brasileiro para revisão das medidas. Isso porque a complexidade das ações que serão exigidas pelo bloco inviabiliza o processo de exportação, penalizando, sobretudo, pequenos e médios produtores em processo de desenvolvimento.