Apenas três frigoríficos de Mato Grosso possuem algum grau de controle da cadeia da pecuária que garanta que a carne vendida não seja proveniente de área de desmatamento. Todos os outros foram classificados com grau de transparência considerado baixo ou muito baixo, conforme dados da última edição do Radar Verde, que avaliou os 132 frigoríficos que possuem registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia Legal. No estado, estão localizadas 31 unidades.
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Entre os frigoríficos localizados em Mato Grosso, apenas a Marfrig Global Foods foi classificada com grau de controle intermediário. Já as empresas JBS/SA e Minerva foram consideradas com grau de controle baixo.
Todas as outras empresas avaliadas tiveram grau de controle considerado muito baixo, ou seja, a pior nota do indicador.
Para avaliar essas empresas, o Radar Verde adota três indicadores:
Grau de Controle da cadeia: que avalia as políticas contra o desmatamento e os indicadores de seu desempenho. Nesta avaliação são verificadas as políticas e indicadores para controle da origem (direta e indireta) da carne, apresentadas nas respostas das empresas ao questionário do Radar Verde, bem como sua eficácia comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa.
Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento: avalia o grau de exposição dos frigoríficos ao desmatamento. A metodologia foi desenvolvida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e é baseada em informações sobre a zona de compra de cada planta frigorífica e sua sobreposição com desmatamento ocorrido, áreas embargadas e risco de desmatamento futuro.
Grau de Transparência Pública: avalia se as informações disponibilizadas nos sites das empresas mapeadas revelam a política de controle do desmatamento na cadeia da carne e se sua eficácia é comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa. Para a avaliação desse indicador são consideradas as perguntas do questionário de avaliação do Grau de Controle.
Todas as empresas foram avaliadas quanto ao Grau de Transparência Pública, mesmo aquelas que não responderam aos questionários enviados pelo Radar Verde. Dos 132 frigoríficos identificados, foi possível avaliar o Grau de Transparência Pública apenas de 38 (29%). Os 94 (71%) restantes não possuíam ou o site estava em manutenção durante o período de análise.
No geral, 92% obtiveram classificação quanto à transparência pública com grau de controle muito baixo (vermelho); 7% obtiveram grau de controle baixo (laranja); e apenas 1% obteve classificação com grau de controle intermediário (amarelo).
"O desmatamento é uma ameaça sistêmica à economia brasileira, pois diminui as chuvas, que são essenciais para o agronegócio, para a geração de energia, o abastecimento industrial e dos lares. A pecuária bovina é a principal atividade responsável pelo desmatamento na Amazônia Legal, ocupando cerca de 90% da área desmatada, sendo que mais de 90% do desmatamento é ilegal", explica Paulo Barreto, coordenador do Radar Verde e pesquisador associado do Imazon.
Radar Verde
Criado em 2022, o Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, que busca dar visibilidade às empresas compromissadas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal. O indicador avalia iniciativas de frigoríficos e supermercados, em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores, que indiquem o grau de comprometimento com a garantia de que a carne bovina que compram e vendem não está relacionada ao desmatamento da Amazônia Legal. O índice classifica anualmente os frigoríficos e supermercados de acordo com o grau de controle e transparência sobre sua cadeia da carne.
O objetivo do Radar Verde é oferecer informações relevantes aos financiadores e setor financeiro, responsáveis pela concessão de crédito a estas empresas; e aos consumidores de carne bovina, para que possam tomar decisões sobre o consumo livre de desmatamento no processo de produção. O Radar Verde é uma realização do Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Confira aqui a edição completa do Radar Verde.