O arroz se tornou vilão nos mercados cuiabanos, com a alta nos preços já neste começo de ano. Neste 1º de fevereiro, quinta-feira, o Olhar Direto, esteve em quatro supermercados da capital, para verificar os preços do alimento essencial na mesa do brasileiro. O valor mais alto encontrado foi de R$ 43,39 para o pacote de cinco quilos, enquanto o menor foi de R$ 25,90.
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O preço médio em Cuiabá fica em torno de R$ 35,41, obtido na variação de 23 valores encontrados nos quatro supermercados visitados pela reportagem. O aumento tem sido observado pelo país todo desde novembro de 2023.
A colheita do grão em Mato Grosso foi realizada de outubro a dezembro, no entanto, devido às alterações climáticas, a produção foi prejudicada, reduzindo assim a oferta de arroz, o que pode explicar as altas recentes.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesee), o valor do quilo do arroz agulhinha (o tipo mais consumido pelos brasileiros), subiu em todas as capitais do Brasil, no período de um ano, entre dezembro de 2022 e 2023.
Ao analisarmos os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nota-se que em outubro de 2023, o pacote de arroz 5 kg tinha preço médio de R$ 27,83, em Mato Grosso. Já em novembro, sobe para R$ 29,46, e nos meses subsequentes, ultrapassa os R$ 30.
Com essas estimativas de preço, podemos afirmar que no período de julho/2023 a janeiro/2024, o valor médio comercializado do grão no varejo teve uma alta em cerca de 36,8%.
Portanto, a família brasileira tem sentido no bolso esse aumento, que pode piorar mais ainda, conforme relatou o gerente do supermercado Curió do bairro Jardim Cuiabá, Davi Dias.
“Eu conversei essa semana com um produtor dessa área de cereais, e ele me disse para não assustar com o preço do arroz, porque ainda não vi subir de verdade. Eu acredito que vai aumentar e ultrapassar os R$ 40”, disse Davi.
Ele afirma ainda que os clientes acabam tendo que aceitar os preços, pois não tem como fugir dessa alta, ainda mais por conta das condições climáticas que afetaram a produção do grão.
“Por conta do crescimento dos outros itens, o pessoal está absorvendo o aumento no preço do arroz, porque não tem para onde correr, teve a falta de água, foi muito difícil esse ano. Os insumos estiveram muito altos também, tudo isso agrega no preço final do produto. Agora é a época mais cara do arroz nos últimos anos. Estamos sempre fazendo ofertas no final de semana, para poder amenizar um pouco o preço dele”, explicou.
O servidor público aposentado, Valter, que prefere comprar em uma rede de atacado para economizar nos valores dos alimentos, lamenta a perda do poder de compra, pois o salário não acompanha aumentos de produtos a cada ano.
“Ultimamente, a gente está usando a marca intermediária, antigamente, consumíamos o arroz melhor, por exemplo, o Tio Urbano. Antes, comprávamos de atacado, e agora é só no varejo, porque não está dando com esse aumento. Não só o arroz, mas tudo aumentou, e preferimos fazer uma compra maior para durar mais, pois os preços estão subindo todo dia. O pacote de 5 kg geralmente dura um mês a dois meses em nossa casa”, disse ao Olhar Direto.