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Quarta-feira, 13 de novembro de 2024

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Bom exemplo

Aprosoja quer ampliar cooperativismo agrícola em MT

Foto: Aprosoja

Aprosoja quer ampliar cooperativismo agrícola em MT
Projeções da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) indicam que o percentual de produtores que atuam em cooperativas agrícolas no estado deve dobrar em um curto espaço de tempo. Pesquisa realizada com 4.331 associados da Aprosoja apontou que, na safra 2010/2011, 13% dos produtores de soja participavam de cooperativas. Juntos, eles plantavam 26% das lavouras do grão. A aposta da associação é em cima dos novos grupos de produtores que participaram recentemente do Seminário de Cooperativismo realizado no município de Sorriso, nos dias 22 e 23 de agosto.


Segundo o gerente de Planejamento da Aprosoja, Cid Sanches, sete grupos de produtores das cidades de Lucas do Rio Verde, Querência, Canarana, Tapurah, Sinop, Campos de Júlio e Alto Garças estão interessados em implantar cooperativas agrícolas ou reformular os modelos existentes nestas regiões. “Tivemos um bom retorno destes grupos que participaram do seminário e muitos, inclusive, devem iniciar ainda este ano as cooperativas agrícolas”.

O presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, destacou que a entidade que mudar esta realidade em Mato Grosso e o objetivo, a longo prazo, é que em cada um dos núcleos que a Aprosoja possui no interior exista, pelo menos, uma cooperativa agrícola de produtores. “Desde outras diretorias estamos buscando um novo modelo e encontramos o caminho. Reunimos vários parceiros para apresentar aos produtores esta nova forma de atuar na atividade, de fazer negócios, onde cada um é responsável pela sua compra, pelo seu crédito, mas a cooperativa traz para eles os benefícios fiscais e o ganho em escala”, afirmou Fávaro.

Entre os parceiros citados por Fávaro estão a Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado de Mato Grosso (OCB-MT), o Sicredi, a consultoria Prado Suzuki & Associados, o Instituto Pró-Governança e o especialista em cooperativismo, professor de economia e gestão do agronegócio da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, Fábio Chaddad.

Durante o seminário, os produtores puderam conferir os diversos benefícios de se atuar em cooperativas. A palestra do professor Fábio Chaddad apresentou que, enquanto nos Estados Unidos há 2.473 cooperativas agrícolas, com um total de 2,4 milhões de associados, no Brasil este número é de 1.548, com 943 mil integrantes. “Os ganhos vão desde defender a margem do produtor, com compra de insumos mais baratos, até atuar na defesa dos interesses do setor, como, por exemplo, logística, processamento e industrialização, agregando valor aos produtos agrícolas”, ressaltou Chaddad.

Chaddad reforçou ainda que os produtores se tornarão cada vez menos dependentes das trades ao se reunirem em cooperativas e conseguirão estar preparados para a volatilidade do mercado. “Os pequenos e médios terão condições de ‘surfar’ melhor nesta onda de crescente volatilidade do mercado de grãos, com informação e conhecimento”, exemplificou o especialista.

NOVO MODELO – A Aprosoja acredita que o baixo percentual de produtores cooperados deve-se ao receio e preconceito que os agricultores têm do antigo modelo de cooperativismo que era utilizado no setor na década de 70 e 80. “Este antigo modelo era muito mais paternalista, dependente do apoio do governo e pouco profissional. As novas cooperativas, especialmente as dos últimos 10 anos, já possuem uma nova visão, com maior envolvimento dos agricultores, com uma visão profissional e sem dependência do poder público”, destacou Fábio Chaddad.

O professor da Universidade norte-americana de Missouri apresentou os pontos fundamentais para o sucesso de uma cooperativa nos tempos modernos: gestão operacional profissional, capital social e governança. “Cooperativa tem que ser bem gerida, bem administrada, com profissional capacitado para isso. Segundo, o envolvimento do produtor, o capital social, a relação de confiança e transparência entre os associados e o terceiro é a governança, para garantir que cooperativa gere resultados e distribua estes resultados também entre os produtores”, pontuou Chaddad.

O gerente da Coapar – Cooperativa Agroindustrial do Parecis, de Campos de Júlio, Gabriel Cordeiro, afirmou que os produtores já irão englobar o que aprenderam durante os dois dias de seminário. “Veio a calhar este seminário promovido pela Aprosoja, pois pudemos ver que a estrutura que a estávamos usando não é o ideal. Estávamos com um modelo antigo, de cotas. Iremos reformular e colocar em prática este novo modelo de estrutura financeira e de organização, com maior envolvimento dos produtores”, disse Cordeiro.

Produtor rural em Querência, Neuri Winck, acredita que a participação dos produtores no seminário vai reativar a ideia do cooperativismo na região. “Quando iniciou o projeto de colonização de Querência, pelas dificuldades encontradas na época, com falta de todo tipo de infraestrutura, os produtores se uniram e conseguiram, por exemplo, construir o primeiro armazém. Com o passar do tempo, esta ideia foi esmorecendo. Agora, temos condições de reativar a nossa cooperativa, já neste novo modelo de negócios, comprando e comercializando em conjunto e com uma base mais sólida”, afirmou Winck.

BONS EXEMPLOS – Além das palestras e dos materiais de suporte, a Aprosoja organizou ainda durante o seminário a visita a duas cooperativas bem sucedidas em Sorriso. Uma foi a Cooperativa Agropecuaria Terra Viva (Cooavil), que reúne 22 produtores. Há seis anos, os cooperados criaram a cooperativa para diminuir as dificuldades e as despesas com armazenagem de grãos e ainda conseguir vantagens na comercialização em escala. Na última safra, eles receberam 1,7 milhão de sacos de soja e 1,8 milhão de sacos de milho. O presidente da Coavil, João Carlos Turra, ressaltou que o sucesso da cooperativa e a adesão dos produtores são decorrentes da honestidade e transparência nos negócios. “O associado adquiriu confiança graças ao trabalho que a cooperativa presta, não temos problema com classificação de grãos e nunca sobrou produto, trabalhamos enxuto e com transparência”, destacou Turra.

Outro exemplo visitado foi o da Cooperativa Agropecuária e Industrial Celeiro do Norte (Coacen), em que os 142 associados também têm benefícios com as vendas em grupos e ampliam os resultados através da compra coletiva de insumos. Segundo o presidente da Coacen, Gilberto Peruzi, a cooperativa foca no assessoramento da ‘porteira pra fora’ para o associado. “Da porteira para dentro ele já é eficiente, o que ele precisa de um assessoramento na hora da compra dos insumos, do melhor momento para a comercialização da produção. E é este o nosso objetivo”, destacou Peruzi.
Aprosoja aferiu que os produtores de soja cooperados tiveram ganhos de 44% a mais do que os que atuaram isoladamente. A rentabilidade foi de seis sacas a mais por hectare dos cooperados frente aos não cooperados. As informações foram obtidas com base nos dados da safra 2010/11.
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