Aqueles que abasteceram seus veículos na última semana em Cuiabá, puderam perceber diminuição significativa no preço do litro do etanol sendo vendido nos postos de combustível. Em algumas bombas, a queda chegou à R$ 0,81 em relação ao preço mínimo de R$ 4,70 registrado entre os dias 19 e 25 de junho. A baixa nos valores aconteceu em 16 estados no país, segundo levantamento da Agencia Nacional de Petróleo (ANP). Mas por que os preços diminuíram? Conforme o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool (Sindalcool-MT), houve queda no preço da usina, o que influenciou diretamente no valor final.
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Além disso, no dia 23 de junho foi sancionada a pelo presidente da república, Jair Bolsonaro, a Lei Complementar 194/2022 que zerou a cobrança de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) do combustível. Isso causou redução imediata em mais de R$ 0,20 nas bombas.
Importante lembrar que, embora a redução já tenha sido exercida nos postos e a diminuição colocada nas bombas, a Lei Complementar tem validade até dia 31 de dezembro de 2022 e depois desse período, as cobranças serão retomadas no PIS/Cofins.
Por fim, o Sindicato pontuou que “Com relação ao ICMS do combustível ainda não tem definição, já que os estados ainda estão em processo de análise interna sobre esta questão, com relação a forma como a medida será aplicada. Portanto, esse quesito ainda não impactou no preço do etanol”.
Outro fator a se destacar é a produção do etanol em Mato Grosso que, conforme levantamento do sindicato, é o 7º maior produtor do combustível no país, ficando atrás apenas de Goiás e São Paulo.
Em 2021, as indústrias geraram 4,07 bilhões de litros. Há previsão, conforme o setor, de crescimento maior que 13% entre 2022 e 2023, podendo chegar a 4,61 bilhões de litros.
Levantamento da ANP
Segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP) entre os dias 19 e 25 de junho, o preço médio em Mato Grosso foi de R$ 4,493 e em Cuiabá, de R$ 4,343. Na semana anterior, de 12 à 18 de junho, a média foi de R$ 4,629 no estado e de R$ 4,548 na capital.
(Sindalcool)
Na última terça-feira (28), a reportagem registrou que um posto localizado na avenida do CPA, em Cuiabá, está comercializando o litro por R$ 3,89 - o que representa queda de R$ 0,81 levando em consideração o valor mínimo de R$ 4,070 registrado na semana do dia 25 de junho.
Entre os dias 29 de maio e 25 de junho, a agência pesquisou os valores vendidos pelo litro do Etanol em 288 postos de combustíveis da capital. No período, o preço máximo variou entre R$ 4,99 e R$ 4,590 que foi registrado na semana do dia 25.
O mínimo oscilou entre R$ 4,470 até o menor de R$ 4,070. O valor médio ficou entre R$ 4,940 e R$ 4,343. No mesmo período, a ANP visitou 627 postos em Mato Grosso e levantou que o preço máximo pelo litro variou entre R$ 5,800 e R$ 5,290.
Levando em conta os preços mínimos, a variação ficou entre R$ 4,250 e R$ 4,030 na semana do dia 25 de junho. A média ficou entre R$ 4,904 e R$ 4,493.
Mato Grosso e a produção de Etanol
O estado de Mato Grosso teve aumento na produção do etanol de milho de 384,5% nos últimos 10 anos, conforme dados divulgados pelo sindicato. Em 2021, as indústrias geraram 4,07 bilhões de litros. Há previsão, conforme o setor, de crescimento maior que 13% entre 2022 e 2023, podendo chegar a 4,61 bilhões de litros.
(Foto: Unem)
O estado começou a produzir o etanol de milho em 2013 e conseguiu igualar a produção do combustível produzido pela cana em 2019. A partir de então, a fabricação pelo milho se tornou majoritária.
Com o crescimento na produção e consequente mudança na industrialização do setor sucroenergético, Mato Grosso saiu da 7ª colocação do ranking nacional dos fabricadores de etanol, para 3ª lugar, atrás de Goiás (2ª posição) e São Paulo, na 1ª.
O valor agregado à produção também agrega a outros produtos, como ração animal, óleos, e demais derivados do milho. Somente em duas das usinas localizadas no norte do estado produzem aproximadamente 1,5 bilhão de litros de etanol de milho.
O grão do cereal passa por processo de fermentação e destilação para se transformar em etanol. Nas usinas, tudo se aproveita, fazendo do milho ração para alimentar animais, óleos, entre outros.
Nas usinas, o milho vira ainda energia para fazer os motores funcionarem - a principal fonte é a queima da biomassa a partir de eucaliptos cultivados pelos produtores.
De acordo com o último levantamento feito pelo Sindalcool, em 2021, a maioria do etanol produzido em Mato Grosso tem como destino São Paulo e, em seguida, o próprio estado.