O secretário municipal de Agricultura Familiar Francisco Vuolo, entusiasta da ferrovia em Mato Grosso, afirmou que acredita que o Governo Federal deverá aplicar novos critérios para afunilar os interessados em construir a linha férrea que ligará Água Boa a Lucas do Rio Verde. Para ele, não há volume de produção suficiente para que mais de uma linha seja construída.
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Três empresas pretendem construir mesmo trajeto de ferrovia entre Água Boa e Lucas
Lançado em setembro de 2021, o programa federal Pro Trilhos (novo regime ferroviário privado, autorizado por Medida Provisória em agosto) já causou uma intensa disputa comercial em Mato Grosso, envolvendo três empresas que pretendem construir ferrovia ligando Água Boa a Lucas do Rio Verde. A disputa envolve a VLI Multimodal e a Rumo S.A., que já tiveram autorização para exploração indireta do serviço de transporte ferroviário no trecho de 508 Km. Os extratos dos contratos foram publicados no Diário Oficial da União (DOU) do dia 31 de dezembro de 2021. Além disso, a Rail-In Engenharia Eirelli também entrou na disputa e aguarda decisão final do Ministério da Infraestrutura.
“Isso é positivo”, analisou Vuolo, “Mas certeza que o Governo Federal vai ter que definir critérios, vai ter que passar por uma segunda ou terceira etapa ainda, justamente para poder definir aquele interessado que no momento apropriado, fazendo investimentos, esse investimento traga retorno, inclusive a possibilidade de fusão de empresas que poderão, uma vez definido o critério da seleção, poder atuar em conjunto para poder fazer o transporte no trecho ferroviário”.
O primeiro pedido de autorização foi apresentado em 21 de setembro, pela VLI, que prevê investimento em R$ 5,08 bilhões. O montante é o mesmo estimado pela Rumo, que apresentou requerimento no dia 29 de setembro. No DOU do dia 6 de janeiro, o Ministério da Infraestrutura publicou despacho dando conhecimento do requerimento da Rail-In, que apresentou estimativa de R$ 6,3 bilhões em investimentos.
“Não fecha a conta. E outro ponto importante, são investimentos não com recurso federal, mas da iniciativa privada. Se a iniciativa privada entender, lá na frente, que não há viabilidade econômica, que os elementos não são favoráveis para ter sustentabilidade econômica, com certeza eles abortarão os recursos”, completou o secretário.
Para Vuolo, após esta primeira etapa de implementação das intenções, e a apresentação dos projetos, a efetiva construção ainda deverá passar por novos critérios de seleção, principalmente onde há confronto nas mesmas linhas de traçado da ferrovia. Para ele, não há possibilidade de haver mais de uma ferrovia para o mesmo traçado.
“Hoje eu não vejo fluxo, volume, até porque existem duas situações, não é só você ter duas ferrovias, é você ter um trecho de Água Boa até Mara Rosa [GO], que vai ser uma só que vai operar e você tem o trecho também da Norte-Sul, que já está na mão da Rumo. Então tudo isso tem que ser levado em consideração para poder um investidor de Lucas do Rio Verde até Água Boa enxergar a viabilidade econômica e o retorno do investimento que ele vai fazer, inclusive em relação ao volume de carga que vai ser transportado, que não pode ser dividido”, finalizou.