A tecnologia utilizada pela Concessionária Rota do Oeste na pavimentação da BR-163/364 será adotada nas obras realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) a partir de agosto em todo o país. O uso de asfalto reciclado, por meio do reaproveitamento do RAP (Reclaimed Asphalt Pavement), é proveniente da atividade de fresagem do pavimento. A determinação consta na Resolução 14 publicada em julho.
Leia mais:
Débitos de IPVA e ITCD podem pagos com descontos de até 95%
De acordo com o documento do órgão federal, todos os projetos de engenharia de restauração, adequação de capacidade e ampliação de obras viárias do DNIT deverão incluir o reaproveitamento do RAP eventualmente produzido no empreendimento. O material deverá ser aplicado nas camadas do pavimento a serem construídas ou na execução de novos concretos asfálticos.
Esse material começou a ser utilizado em larga escala em outubro de 2020 na BR-163/364, em Mato Grosso, que foi a primeira rodovia do Brasil a ser recapeada com o asfalto reciclado. Para chegar a esse resultado, a Rota do Oeste estudou o material por dois anos em um laboratório montado especialmente com essa finalidade. A medida reflete em economia e proteção ao meio ambiente.
Especificamente para o uso no trecho sob concessão da BR-163, a Rota do Oeste desenvolveu a pesquisa “Aproveitamento de Resíduos de Pavimentos Asfálticos (RAP) em regiões de alta temperatura e tráfego pesado”, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e com a anuência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Pesquisador do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), o professor José Leomar Fernandes Júnior vem a Mato Grosso com frequência para analisar a qualidade e durabilidade do asfalto reciclado utilizado na BR-163 e aponta que os ensaios demonstraram que o material composto com o reaproveitamento de RAP teve comportamento semelhante ao material ‘virgem’.
Comenta ainda que o Brasil ganha muito ao iniciar o uso em larga escala do asfalto reciclado nos serviços rodoviários, visto que o material pedroso pode ser reaproveitado, poupando a exploração de novas pedreiras; bem como o reuso de ligantes na composição. “A qualidade final em nada é diferente. O que vemos é uma economia na aquisição de materiais e o cuidado com o meio ambiente”.
O professor comenta ainda que essa tecnologia é bastante aplicada em outros países e no Brasil precisava de investimento e viabilização do uso, práticas que iniciadas pela Rota do Oeste com a implantação do laboratório e continuidade das pesquisas até a aplicação final.
“É um trabalho já existente, mas que demanda estudo e pesquisa que demonstram a quantidade de RAP que pode ser incorporado na massa asfáltica, o tamanho das partículas a serem empregadas, entre outros elementos. E isso foi feito pela Concessionária, culminando na aplicação do material na rodovia”.
Na Rota do Oeste, o trabalho foi idealizado pelo coordenador de Engenharia, Rheno Tormin, responsável pela pesquisa. Ele avalia que a diferença entre a Rota do Oeste e as demais concessionárias – que também desenvolveram estudos nessa área – foi o fato de levar o conhecimento adiante e apostar na aplicação em larga escala. “Depois que chegamos aos resultados que entendemos satisfatórios, tivemos a iniciativa de aplicar em campo para ver os resultados e dar seguimento às avaliações e estudos”.
Atualmente, a Rota do Oeste utiliza a mistura reciclada na BR-163, em Lucas do Rio Verde, e em breve iniciará a aplicação na região sul de Mato Grosso.