Cerca de 450 cestas provenientes da agroecologia foram doadas para estudantes, migrantes, indígenas e pessoas em situação de rua, e partir de uma destinação de R$ 45 mil do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad). A intenção da instituição é aproximar quem precisa vender seus produtos com as pessoas em situação de vulnerabilidade em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
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Parte destas cestas foi entregue à Casa Esperança, de Rondonópolis, que acolhe pessoas em situação de rua e sobrevive de subsídios da prefeitura e doações. Leite, carne, queijo, doce, ovos e outros produtos têm chegado até a Casa Esperança via logística do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST).
Quem fez a conexão entre o MST Rondonópolis e a Casa foi o Formad, a partir de uma estrutura de vendas online do movimento. De acordo com a assessoria, são recebidos pelo grupo de 55 a 70 pedidos semanalmente através do WhatsApp.
Também nesta logística, o Formad já realizou quatro levas de doações, em remessas quinzenais, à Casa Esperança. "Nós temos um histórico de ausência de uma política nacional de incentivo de comercialização da agricultura familiar", pontua Solange. O MST lançou, recentemente o "Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular", no qual lista médias de proteção e produção com o objetivo de garantir condições de vida digna para a população do campo. E, neste sentido, iniciativas como as das compras e doações dos produtos da reforma agrária em Rondonopólis são um um ótimo exemplo do que poderia ser feito pelo estado”, declara a professora e militante do MST, Solange dos Santos.
Outros agricultores que enfrentam dificuldades com o fechamento dos espaços de comércio e suspensão de contratos são os vinculados à "Rota de Comercialização Caminhos da Agroecologia". O projeto é responsável pela comercialização de produtos de Comodoro à baixada Cuiabana, passando por Conquista do Oeste, Pontes Lacerda, Cáceres, Jauru, dentre outros municípios.
Embora as vendas e a logística fossem, antes da pandemia, sustentadas também por expressivas vendas online, o maior montante era originário do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O programa garante que no mínimo 30% da alimentação escolar venha de produtos da agricultura familiar, mas foi interrompido com a suspensão das aulas e só voltou a funcionar no início de junho, quando os produtos da agricultura familiar foram incluídos nas cestas entregues aos responsáveis dos estudantes.
A parceria com o Formad surgiu desta busca por alternativas, que conta ainda com auxílio do Centro de Tecnologia Alternativa (CTA), a Fase-MT, a Associação dos Apicultores (APA), Associação Regional dos/as Produtores/as Agroecológicos (Arpa), Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Comodoro (Coopermaf) e Associação Regional das Produtoras Extrativista do Pantanal (Arpep).
As cestas provenientes desta rota são entregues a estudantes, indígenas e migrantes haitianos nos meses de junho e julho. Serão atendidos, no total, 68 jovens, dentre eles moradores das duas casas dos estudantes existentes em Cuiabá e alunos do cursinho popular "Podemos+", gestionado pelo Levante Popular da Juventude. Além desses, 30 famílias indígenas e 60 famílias haitianas que vivem na capital mato-grossense também serão contempladas. Receberão cestas agroecológicas, ainda, indígenas das etnias Chiquitano, que vivem perto do município de Porto Espiridião e Nambikwara, que vivem próximos a cidade de Comodoro.