Um projeto da ONG Panthera está prevenindo o ataque de onças-pintadas a rebanhos no Pantanal e outras propriedades pecuárias espalhadas pelo país. Na Fazenda Jofre Velho, em Poconé, três piques foram eletrificados nas proximidades da sede, em uma área de 20 hectares. Nesses piquetes são mantidos grupos de animais mais vulneráveis, como bezerros recém-desmamados.
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A iniciativa se inspira no estudo publicado em 2012 por Sandra Cavalcanti, Peter Crawshaw e Fernando Tortato, com foco na predação e no comportamento de onças-pintadas. O trabalho envolveu a instalação de cercas elétricas em parte do perímetro de uma propriedade rural no Pantanal (Corumbá, MS) e em zoológicos de São Paulo (Sorocaba e Guarulhos). O experimento constatou redução parcial dos ataques a bovinos pelos felinos na área de pastagens.
Já em sistema de cativeiro, no qual os testes foram realizados em três dias e uma noite num período de 30 minutos, foram colocados pedaços de carne numa zona protegida por cerca elétrica e realizado monitoramento do comportamento dos felinos em relação à presença da cerca. O trabalho científico concluiu que o afastamento total de predadores devido ao uso de cercas elétricas dificilmente ocorre, pois diversos fatores influenciam em sua efetividade, como motivação e experiência anterior com cercas, dentre outras.
O sucesso da redução dos ataques ao gado pela espécie Panthera onca resulta numa combinação e análise de diversos pontos, incluindo motivação predatória dos felinos e seu aspecto biológico, características ambientais, fatores culturais, motivações de proprietários de fazendas e outros aspectos.
De acordo com os pesquisadores da ONG Panthera, Rafael Hoogesteijn e Fernando Tortato, em outras fazendas esse sistema de cercas elétricas com desenho antidepredação já está em funcionamento e apresenta resultados positivos.