Estreitar relações internacionais para fortalecer o comércio e ampliar públicos consumidores vizinhos. Este é o desafio de Mato Grosso rumo à consolidação do escoamento e recepção de produtos não vindos do sul e sudeste do Brasil, mas de países como Paraguai, Peru, Bolívia e Argentina. Para chegar aos parceiros em potencial, uma série de projetos prevê a integração ferroviária, rodoviária e fluvial, incluindo a construção de corredores, pavimentação do trecho São Inácio – São Mathias, e a conexão dos portos fluviais de Cáceres, Porto Murtinho, Carmelo Peralta, Concepción e Barranquera.
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As estratégias foram debatidas em seminário realizado na manhã desta quinta-feira (3), na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), onde o ministro das relações exteriores João Carlos Parkinson, se juntou a representantes do Estado e de outras nações em busca de alternativas. “Temos conseguido manter uma boa relação e esses países, que estão cada vez mais conscientes da necessidade desse diálogo com o governo central e, sobretudo, com os estados. Aí eu me refiro em particular a Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que estão na fronteira”, disse.
Com relação à taxa cambial, Parkinson apontou como natural o interesse dos vizinhos em comprar insumos brasileiros, beneficiá-los e exportá-los para cá. Lembrou que não devemos ter medo deste tipo de concorrência, e sim fazer o mesmo, para que haja pautas comerciais superavitárias. “O que é importante nesse processo é a integração. Nesse contexto globalizado e com risco de guerras comerciais e tensão geopolítica, é importante que Mato Grosso aprofunde suas relações com a Bolívia e Paraguai.”
Portanto, para a economia estadual as questões são indispensáveis, uma vez que a cultura, a produção e o meio ambiente colocam Mato Grosso em evidência e atribuem à administração a responsabilidade de tratar com coerência as lacunas na infraestrutura. Sendo assim, as pretensões de negócios começam a tomar forma com a pavimentação de 300 km entre Cáceres (240 km de Cuiabá) e San Matías (1500 km de La Paz). A obra deve abrir mais que uma estrada, ampliando as relações entre os habitantes daqui e do país vizinho, favorecendo a cultura, turismo e comércio.
“São pessoas que vivem ali que estamos há anos ignorando por falta de condições. Então já é o momento de estabelecer um contato mais próximo para que a população usufrua disso. A internacionalização do Aeroporto Marechal Rondon também viabilizará com muita facilidade o acesso a Santa Cruz de La Sierra, um polo extremamente importante para a Bolívia”, avalia a assessora internacional do Governo do Estado, Rita Chilleto.
Diante do cenário, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Leopoldo Mendonça, aponta a logística como um dos principais fatores para o desenvolvimento destes novos mercados. “Estamos praticamente de costas para a Bolívia e esta é uma questão relativamente simples de se revolver. Já temos mais de 300 km de estradas não pavimentadas. Só com esse asfaltamento poderemos acessar um mercado de mais de dois milhões de habitantes”, afirmou.
Há que se considerar ainda outros interesses em jogo, como a produção de ureia na Bolívia, que inaugurou recentemente uma fábrica da qual Mato Grosso é o maior consumidor. “Não nos interessa levantar um questionamento sozinhos, por isso trouxemos outros atores muito relevantes, não só para discutir, mas para buscar soluções conjuntas. O ministro Parkinson que é uma autoridade no assunto então ele vai expor a visão do governo federal e conhecer a importância do estado nesse contexto.Trouxemos também o ministro e o embaixador da Bolívia, porque temos vários diálogos em andamento que interessam a ambos”, diz.