A vacina contra febre aftosa terá nova dosagem, de acordo com Instrução Normativa (IN) publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (22). A redução de 5 para 2 mililitros (ml) deve diminuir a quantidade de reações adversas, uma vez que será injetado um volume menor de óleo mineral nos rebanhos. A medida foi autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
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De acordo com o órgão, o componente oleoso, que tem a finalidade de promover imunidade mais longa, é também um dos principais responsáveis pela indução de reações do tipo alérgica no local da aplicação. A normativa traz o regulamento técnico para a produção, controle da qualidade, comercialização e emprego de vacinas contra a febre aftosa.
Na opinião do diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, a nova quantidade da dose é segura e poderá diminuir a incidência de abscessos. “Com a diminuição do volume de medicamento, reduz também a probabilidade de rejeição ou reação no organismo do animal”.
Segundo a Associação, esta foi uma das soluções sugeridas pelo Instituto Pensar Agro (IPA), do qual faz parte, à Secretaria de Defesa Agropecuária após os Estados Unidos identificarem a presença de abscesso em carne bovina brasileira e suspenderem as importações.
Alguns países, como Argentina, Uruguai e Bolívia já adotam essa prática, com resultados satisfatórios, tanto em relação à diminuição às reações, quanto na preservação da potência da vacina. Em que pesem essas experiências, a adequação dos métodos de controle de potência e de tolerância que serão submetidas cada partida de vacina produzida, garantirão a eficácia e a segurança do produto.
Após levantamento técnico, o IPA solicitou as seguintes alterações em janeiro do ano passado: 1) optar pela da via de aplicação subcutânea para minimizar o risco de que a vacinação cause abscessos ou lesões; 2) diminuição da dose dos atuais 5 ml para 2 ml; 3) retirada da saponina dentre os componentes da vacina; e 4) limite da faixa etária da vacinação para animais de até 30 meses.
Tendência de suspensão
Considerando a não ocorrência de focos da doença no país, desde 2005, e a tendência de suspensão gradativa da vacinação, a área técnica do Mapa concluiu não haver necessidade de utilização de vacinas que induzam resposta rápida, mas que assegurem a manutenção de resposta longa.
Dessa forma, também foi alterarada a avaliação da potência de cada partida de vacina de 28 para 56 dias pós-vacinação, para as vacinas já registradas, e a implantação da avaliação aos 168 dias pós-vacinação, além da avaliação aos 56 dias, para vacinas em processo de registro ou de alteração pós registro.
A atualização do teste de estabilidade da emulsão visa melhor avaliar a qualidade da produção da vacina no que refere à consistência do processo de emulsificação para garantir a emulsão água em óleo. Isso, em razão da alteração do volume do conteúdo da vacina nos frascos, gerada pela redução da dose e da mudança na densidade da fase aquosa, em razão da alteração na proporção da massa antigênica dos antígenos “O” e “A”, ocorrida após a recente retirada do vírus “C” da composição da vacina.
O teste de tolerância é realizado por meio da vacinação de um grupo de animais e posterior observação no local da aplicação, de eventual ocorrência de nódulos, os quais devem ser mensurados. A metodologia atual prevê a vacinação pela via intramuscular profunda que, por essa razão não possibilita uma visualização adequada de nódulos, nem permite mensuração de forma adequada. A mudança para a via subcutânea permitirá avaliação mais eficiente.