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Terça-feira, 03 de dezembro de 2024

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Sem crise

Melhorado geneticamente, gado em exposição custa 15 vezes mais que comum; novilhas passam de R$ 200 mil

Foto: Bruno Barreto

Gado da raça Senepol no parque de exposições da Expoagro.

Gado da raça Senepol no parque de exposições da Expoagro.

A promissora aliança que uniu tecnologia e pecuária, colocando o Brasil em destaque mundial quando se fala em criação de bovinos, comprova, no pavilhão de leilões da 53ª Expoagro, a prosperidade do setor em meio a crise. Destinados à diferentes usos, os animais expostos pelos corredores podem custar até 15 vezes mais do que os comuns, como no caso dos touros reprodutores Senepol, avaliados em  R$ 15 mil. Da mesma raça, as vacas classificadas como “doadoras” podem passar de R$ 200 mil, graças a seus valiosos óvulos geneticamente melhorados.


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Neste caso a biotecnologia permite que se amplie a eficiência dos animais, aumentando o número de descendentes com melhor carga genética, em um curto período de tempo. Em resumo o método, chamado de FIV+TE, consiste na coleta dos oócitos da doadora, que são fertilizados em laboratório com sêmen de touros selecionados, dando origem a diversos embriões. As células são então transferidas para vacas de baixo valor comercial, conhecidas como “barriga de aluguel”.

O proprietário do grupo Senepol da Conquista, Fábio Mello, que disponibilizou para o evento mais de 500 animais, também exemplifica o sistema. “Uma vaca pare um bezerro por ano, na gestação normal. Por meio dessa tecnologia, o veterinário retira os óvulos e em laboratório insemina com o sêmen de um touro. No oitavo dia de vida desse embrião, ele vai pra uma barriga de aluguel. Então você consegue fazer de uma vaca, 40 bezerros no ano, ao passo que se fosse uma gestação só dela, seria só um.”

Ele também explica que a raça, própria ao Pantanal por sua adaptabilidade, apresenta tempo em pasto bastante precoce, uma vez que é oriunda do cruzamento com o gado Nelore. Assim, do choque entre as duas raças, a primeira de taurinos e a segunda de zebuínos, surge um animal com acabamento de gordura melhor, mais rústico e que vai morrer mais cedo. Combinados os fatores se convertem em lucro para o pecuarista. 

“Ao invés de esperar para matar o boi em 24 meses, ele consegue matar com 20 ou 18. Engorda mais rápido e ele não fica no pasto por tanto tempo.” Deste modo, nestes casos, as vacas são mais valorizadas. “Ela é uma forma de multiplicação, ao passo o touro vai ter que estar no campo fazendo cruzamento. No mercado hoje a escala de venda é muito maior de touro do que de vaga. Quem vai comprar a vaca senepol  é só quem é criador", explica Fábio. 

Para além destes exemplares, com preços fixos estabelecidos, os leilões também são responsáveis por grande parte dos investimentos no evento. Só no ano passado, quando a crise economia estava mais acentuada e a 52ª edição sofreu com cortes, a organização da Expoagro registrou um faturamento de R$ 30 milhões. Metade do montante é proveniente da realização dos Leilões. O balanço deste ano deverá ser divulgado na próxima semana, após o encerramento da feira.

Enquanto mostra os touros da raça Nelore, o gerente de pecuária do grupo Celeiro, Sérgio Mazziero fala sobre os valores adotados na modalidade “shopping” e no leilão.  “São animais preparados para leilão, aí o que rege é o mercado, depende do dia lá. O ano passado tivemos o oitavo leilão e veio subindo essa média de R$7 mil pra R$12,4 mil. São touros preparados pro leilão e já aptos pro trabalho. Os que estão colocados a venda aqui saem por R$15 mil, no preço fixo.”

Também com a genética modificada, os animais oferecem sêmen específico para a criação de gado de corte. “O pecuarista de cria quer um bezerro pesado, independente da cor. O gado a campo, a finalidade é o abate, então tem que ser pesado, com bastante rendimento de carne. Hoje o Nelore, com essas integrações genéticas a gente consegue melhorar ele pra chegar ao peso ideal de abate precoce e com a qualidade de carne diferente de um europeu, por exemplo. O Nelore tem mais sabor na carne.” 
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