Os Estados Unidos definiu uma cota anual de importação de 64,8 mil toneladas in natura e congelada e, deste volume, cerca de 25% devem partir de Mato Grosso para o país norte-americano. A abertura de mercado dos Estados Unidos para a carne bovina brasileira, após 17 anos de negociações, é tida como uma chance de chegar a novos mercados internacionais. Os embarques devem começar em setembro.
Na tarde de segunda-feira, 1º de agosto, foi celebrada no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), a troca das Cartas de Reconhecimento de Equivalência entre Brasil e Estados Unidos. O evento contou com a presença do governador de Mato Grosso, Pedro Taques, e de representantes da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), além de representantes do setor industrial.
Com o anúncio, frigoríficos de 14 Estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins), além do Distrito Federal estarão habilitados a exportar carne in natura para os Estados Unidos.
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O reconhecimento por parte dos Estados Unidos, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, é um "facilitador" ao mercado brasileiro junto aos demais países, ou seja, pelo fato dos Estados Unidos ser um país rígido a sua abertura de mercado para a carne brasileira in natura significa a possibilidade de o Brasil ganhar novos clientes.
O trabalho desempenhado pelo ministro Blairo Maggi e sua equipe foi destacado pelo presidente em exercício Michel Temer. Conforme o presidente, a abertura de mercado não só elevará a produção na cadeia produtiva de carne bovina, como também irá contribuir para a geração de empregos no setor. "O ministro Blairo Maggi dá exemplo de um governo que não para".
As Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina foram trocadas entre o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a embaixadora norte-americana no Brasil, Liliana Ayalde. Na ocasião Maggi reconheceu o fato das negociações terem durado quase duas décadas. Para o ministro brasileiro, a maior vitória não é o acordo em si firmado entre os dois países, mas a equivalência do status sanitário brasileiro ao norte-americano.
"Estamos recebendo muito mais do que a possibilidade de mandarmos toneladas de carne para EUA; estamos recebendo a possibilidade de exportar para os demais países", declarou Maggi, que voltou a lembrar que seu principal desafio no Governo Federal é ampliar de 7% para 10% a participação do Brasil no mercado internacional em cinco anos.
A expectativa é de que com a Carta de Equivalência mercados como o do México, Canadá, Japão e Coreia do Sul, além dos países caribenhos possam ser abertos ao Brasil.
Cotas
Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil poderá comercializar carne in natura (fresca ou congelada) para os Estados Unidos e vice-versa. A Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério brasileiro, pontua que o Brasil entra agora na cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa de 4% ou 10% dependendo do corte da carne. Fora da cota (sem limite de quantidade), a tarifa é de 26,4 %.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Antônio Jorge Camardelli, que acompanhou a comitiva brasileira em Washington e a cerimônia em Brasília, à abertura do mercado é uma conquista. “A decisão atende à demanda e necessidades do setor e resulta do empenho e esforços conjuntos entre todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina e, em especial, dos técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.
Presente na solenidade de troca das cartas, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, destacou a luta de 17 anos para abrir o mercado entre os dois países. "São muitos anos de luta que contribuíram para este momento e para que nosso produto possa chegar com qualidade ao mercado internacional. Em Mato Grosso temos o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que busca a rastreabilidade e qualidade da nossa produção. Esta abertura para o mercado dos EUA vai gerar oportunidade para ampliarmos as exportações para outros países”.