Olhar Agro & Negócios

Quinta-feira, 02 de maio de 2024

Notícias | Geral

Incertezas regulatórias restringem crescimento do mercado de etanol

Enquanto o setor sucroenergético brasileiro aguarda a implementação de políticas públicas que restabeleçam a competitividade do etanol em todo o País, a indústria de biocombustíveis nos Estados Unidos e na União Europeia sofre com a falta de definições a respeito de algumas regras que orientam a produção e a utilização do produto. A atual situação de incertezas existente nos três principais mercados de combustíveis renováveis do mundo foi um dos destaques da 15ª Conferência World Ethanol and Biofuels 2012, organizada pela consultoria F.O. Licht´s de 05 a 08 de novembro em Munique, na Alemanha, e que reuniu diversos especialistas na questão, entre eles a assessora sênior da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas.

“Este cenário gera insegurança entre investidores e prejudica o surgimento de projetos para o futuro, algo absolutamente necessário para a expansão do setor, principalmente se considerarmos a demanda potencial por etanol nestes países,” explicou Kutas. Durante sua participação no painel “Market dynamics and patterns of global biofuels production” (Dinâmicas de mercado e padrões globais de produção de biocombustíveis), ela resumiu uma série de indefinições que afligem os mercados americano, europeu e brasileiro.

Segundo Kutas, os EUA, donos da maior indústria de biocombustíveis do planeta, enfrentam um ambiente conturbado em relação ao mandato de produção e utilização do produto feito a partir do milho. Existe uma pressão recorrente para se acabar com o Padrão para Combustíveis Renováveis (RFS2, em inglês), regulamentação que determina que se atinja a utilização de 136 bilhões de litros de combustíveis limpos por ano naquele país até 2022. A justificativa é que o uso massivo do milho na fabricação do etanol estaria encarecendo os preços da matéria-prima usada por outros setores, como o de alimentação animal.

“Sempre houve e sempre haverá ataques ao padrão de combustível renovável em função das grandes quantidades de milho absorvidas pela produção de etanol naquele pais, que chega aos 40% da produção de milho, e do papel preponderante dos EUA no comercio mundial dessa commodity,” ressaltou Kutas. Entre outros desafios que o país enfrenta para que o uso do etanol cresça, ela citou a baixa oferta do combustível E15 (gasolina com mistura de 15% de etanol) no mercado doméstico americano.

O processo de adoção do E15 nos EUA vem gerando polêmica desde 2009. “Por desconhecimento técnico, argumentos contrários à medida sugeriram que os motores dos veículos não teriam um bom desempenho com o produto, o que os estudos da Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, em inglês) já desmentiram. No final, todo este processo acabou prejudicando a comercialização do E15,” observou.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
Sitevip Internet