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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Notícias | Economia

Etanol compensa, mas consumidores não fazem o cálculo, segundo Unica

O preço do etanol tem compensado em relação à gasolina, mas na hora de abastecer o consumidor se habituou a optar pelo derivado do petróleo, segundo o representante da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) na região de Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado. A afirmação é a justificativa dada por ele diante da retração do consumo do álcool nos últimos quatro anos e que tenta ser combatida em uma campanha pró-etanol envolvendo as principais sucroalcooleiras do país, que começou na última segunda-feira (11) e se estende até dezembro.

Segundo Prado, o consumidor não tem o hábito de calcular a relação de custo e benefício entre os dois combustíveis – o etanol compensa quando seu preço representa até 70% do preço da gasolina. “Se o consumidor fizesse o cálculo, ele veria que há vantagem do etanol para o bolso dele. Como ele já se acostumou com a gasolina nos últimos anos, a tendência tem sido ele manter a gasolina”, afirmou.

De acordo com dados mais recentes da Agência Nacional de Petróleo (ANP), na primeira semana de novembro o litro do etanol – cotado em média a R$ 1,77 – representa 66% do litro da gasolina – R$ 2,67 - nos postos de Ribeirão Preto (SP). Na região, a proporção dos preços é observada em cidades como Franca (SP) e Sertãozinho (SP).

Mas as oscilações de preço favoráveis ao biocombustível não convencem o comerciante Francisco César da Silva Dias, de Ribeirão. Há quatro anos, ele diz optar exclusivamente pela gasolina. “Só abasteço com gasolina, porque meu carro sendo flex não compensa abastecer no álcool. O consumo chega a ser maior, tanto na cidade quanto na estrada”, afirmou.

A postura adotada por Silva Dias é interpretada como resultante de uma mudança gradual de comportamento que, segundo o economista José Carlos de Lima Junior, da USP de Ribeirão Preto, baseia-se na falsa sensação de que o etanol não compensa. Segundo ele, as quedas do preço do produto não parecem atraentes ao consumidor. “Quando vem a safra e o preço do etanol cai, a queda é sempre menor quando você compara com o ano anterior, e o consumidor tem a falsa impressão de que o etanol naquele momento não compensa”, afirma o pesquisador.

Situação irreal

De acordo com Sérgio Prado, os custos de produção inviabilizam um preço abaixo do que foi cobrado em anos anteriores, quando o consumo do derivado da cana estava em alta. “É óbvio que o preço não pode cair abaixo do custo de produção. Já tivemos o etanol abaixo de R$ 1 na bomba, isso é uma situação irreal”, disse, citando a elevação nos investimentos com terra, insumos e equipamentos.
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