O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu no dia 12 de janeiro de 2016 a carta-patente PI 0004185-8 para o sistema de biorreatores desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Brasília, DF. Com esse documento, o Estado reconhece publicamente o caráter inventivo da tecnologia, garantindo à Empresa exclusividade para explorar comercialmente a invenção em todo o território nacional por um período de 10 anos. Intitulada "Sistemas de biorreatores para o cultivo de células, tecidos ou órgãos vegetais ou animais ou de células de microrganismos por imersão temporária ou contínua utilizando fonte de pressão positiva ou negativa", a patente coroa o esforço de mais de 15 anos dos inventores dessa tecnologia: os pesquisadores João Batista Teixeira e Luís Pedro Barrueto Cid (este último já aposentado), que depositaram o pedido junto ao INPI em 28 de agosto de 2000.
O sistema de biorreatores pode ser comparado a uma fábrica biológica de plantas, pois é capaz de multiplicar mudas de forma automatizada em larga escala, a partir de um sistema de frascos de vidro interligados por tubos de borracha flexível, pelos quais as plantas recebem ar e solução nutritiva por aspersão ou borbulhamento.
Existem dois tipos de biorreatores: os de imersão contínua e temporária. O que foi desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia se enquadra na segunda categoria. Segundo o pesquisador João Batista Teixeira, ele apresenta melhores resultados do que os de imersão contínua para a produção de mudas de diversas espécies, como por exemplo, cana de açúcar, abacaxi, banana, morango, café, etc. porque permite uma boa aeração do material e evita o excesso de hidratação do tecido, o que pode resultar no desenvolvimento anormal das mudas cultivadas.
Sistema feito sob medida para a agricultura do Século XXI
O funcionamento automatizado do equipamento reduz custos com mão-de-obra, acelera o ciclo de produção e garante muito mais higiene, segurança e qualidade final às mudas produzidas, pela pouca necessidade de manipulação ao longo do processo de produção.
Além disso, o uso do biorreator contribui para a diminuição de outros gastos relacionados à produção, já que permite um aumento substancial do volume de mudas produzidas em laboratório, sem que haja necessidade de ampliação do espaço ou contratação de pessoal adicional. "Da mesma forma, ajuda a reduzir o consumo de energia elétrica, já que os frascos são esterilizados quimicamente e não por autoclave", explica João Batista.
Por isso, como explica Teixeira, é uma tecnologia feita sob medida para a agricultura do Século XXI, pois ao mesmo tempo em que garante a produção de mudas de alta qualidade (mais uniformes e vigorosas), prioriza bases sustentáveis, com economia de energia elétrica e de outros recursos, aliando produtividade e sustentabilidade.
Esses predicados garantem ao biorreator espaço em vários segmentos relacionados à produção vegetal, como: fruticultura, produção de plantas ornamentais, reflorestamento, papel e celulose e madeireiras, entre outros. "Como exemplo, destaca-se a produção de mudas de cana de açúcar e café, cuja demanda é cada vez maior e pode ser contabilizada em dezenas de milhões", comenta o inventor.
Patente vai agilizar a exploração comercial do biorreator
A concessão da carta patente pelo INPI foi muito comemorada por João Batista Teixeira. "Trata-se de um reconhecimento do poder público à nossa invenção e vai agilizar a exploração comercial do equipamento", explica, lembrando que o documento estimula e facilita o licenciamento por empresas privadas para inseri-lo no mercado. Nem mesmo os mais de 15 anos de intervalo entre o depósito e a concessão da patente desanimaram o inventor. "Principalmente porque o equipamento está cada vez mais atual e em consonância com os anseios de sustentabilidade, cada vez mais fortes na sociedade atual", finaliza.