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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Notícias | Economia

Governo alega escassez e não libera financiamentos para Mato Grosso

Mato Grosso não está conseguindo acessar o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) por falta de recursos. No Estado existem R$ 175 milhões em cartas-consultas aprovadas, mas seus recursos não chegam até os pecuaristas que pretendem fazer investimentos em suas propriedades. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) alerta para o risco de se perderem os prazos para a aplicação desses investimentos e com isso comprometer a produtividade em 2013.

Os recursos do FCO Rural são provenientes do Imposto de Renda recolhido no Estado e dos pagamentos feitos em referência a empréstimos anteriores. Como a definição do volume de recursos disponibilizados é feita um ano antes, a ampliação deste montante não é viável. De acordo com o gerente de Negócios – Mercado Agro do Banco do Brasil, Brasiliano Brasil Borges, a instituição já ultrapassou em R$ 135 milhões os recursos orçados para 2012, que era de R$ 665 milhões e foram contratados R$ 800 milhões. Os demais R$ 175 milhões já aprovados, segundo Brasil Borges, não poderão ser disponibilizados este ano. “O governo federal sinalizou que não tem como aumentar o aporte, pois se trata de um Fundo Constitucional, ou seja, tem o orçamento previsto e não pode ser alterado. O que estamos pleiteando é uma verba proveniente de outra fonte para atender à demanda”.

O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, destaca que o governo federal e o Banco do Brasil anunciam linhas de financiamento e depois não conseguem honrar. “Se não há recursos, eles precisam parar de ‘vender’ o crédito. Atraem os produtores para agências com a promessa de empréstimos e depois não concretizam os contratos”.

Pecuarista na região de Pontes e Lacerda (a 450 quilômetros ao oeste de Cuiabá), Luciomar Machado corre o risco de atrasar o projeto de reforma de pastagem em sua propriedade por falta de recursos. Sua carta-consulta foi aprovada para recuperação de mil hectares, porém o Banco do Brasil se recusa a avaliar o projeto. “Vou ter de tocar o projeto com recursos próprios para não passar o tempo certo de recuperar a área. Preciso aproveitar o período de chuvas, não posso esperar a liberação só no que vem”, afirma ao salientar que o produtor que não tiver condições de fazer o desembolso próprio perderá um ano e isso vai impactar a qualidade do pasto e, assim, a produtividade.

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, os impactos para a pecuária são graves, uma vez que os investimentos precisam ser feitos no momento exato, de acordo com as chuvas e demais condições do tempo. “Não adianta liberar recursos ano que vem àqueles que possuem necessidade agora. A falta de investimentos trará prejuízos para a pecuária em 2013 e poderá comprometer a produção de carne”.

O gerente do Banco do Brasil, Brasiliano Borges, afirma que há tentativas para liberação de recursos de outras fontes, como o Manual de Crédito Rural (MCR), mas que os juros são maiores, fixados na casa dos 5%. No FCO Rural a alíquota varia entre 2,5% e 3% ao ano. “Neste momento vamos tentar, mas não há como garantir a liberação deste recurso. O que podemos afirmar é que as cartas- consultas aprovadas este ano terão prioridade a partir de janeiro do ano que vem”. Entretanto, de acordo com Vacari, janeiro poderá ser tarde demais para a pecuária.

Além disso, o secretário-adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), Luiz Carlos Alécio, destaca que se forem contabilizados os recursos que deixarão de ser disponibilizados até dezembro, o desabastecimento será da ordem de R$ 300 milhões. “Estamos em pleno período de recuperação de pastagem, quando é feita a calagem do solo e as sementes brotam. Não podemos deixar passar este período”.
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