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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Notícias | Agronegócio

Produtor aponta gargalo e pede hidrovias e ferrovias

As estradas precárias e a falta de alternativas para o escoamento da produção agrícola e pecuária de Mato Grosso são os principais entraves ao desenvolvimento do Estado. A análise é do diretor executivo da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Seneri Paludo.

Para o executivo, um Estado do porte de Mato Grosso não pode estar limitado a apenas uma opção para transporte de cargas e defendeu investimentos nos sistemas ferroviário e hidroviário.

“Não é só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro, que o sistema de transporte utilizado é o rodoviário, que é o mais caro. Ambientalmente, é o maior poluidor e também o que causa os maiores problemas sociais. Veja o trânsito que temos e a quantidade de acidentes e mortes nas estradas brasileiras”, disse Paludo, em entrevista ao MidiaNews.

Conforme dados do 12º levantamento divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Brasília, a produção de Mato Grosso somou 40,35 milhões de toneladas de grãos, volume sem precedentes para o Estado.

“Com o ritmo de produção que tem, o Estado não pode ficar na dependência do modal rodoviário. Mato Grosso não permite mais isso. A logística, da forma que está, é um entrave para o desenvolvimento. O Estado não pode parar”, disse o executivo.

Ferrovias como solução

Um das alternativas apresentadas pela Famato para solucionar esse gargalo no escoamento da produção agrícola é o desenvolvimento dos projetos das ferrovias.

Na semana passada foi divulgado um relatório do Governo Federal, sob a rubrica do Ministério da Fazenda, que se contrapõe à antiga promessa política da chegada dos trilhos a Cuiabá.

A passagem de uma ferrovia pela Capital é reconhecida por economistas, formadores de opinião e especialistas em logística como indutora de desenvolvimento não apenas para Cuiabá, mas de toda a região metropolitana - que amarga indicadores econômicos e sociais preocupantes, nos últimos anos.

Na prática, o documento oficial enterraria, mais uma vez, o sonho histórico de Cuiabá, arraigado no imaginário local, da chegada dos trilhos à Capital de Mato Grosso.

“Sem duvida nenhuma, a utilização das ferrovias é uma das saídas. E isso não é uma ideia nova. Os projetos iniciaram nas décadas de 60 e 70. Já passaram da hora de sair do papel”, disse Paludo.

Mais de R$ 20 bilhões serão investidos em Mato Grosso nos próximos anos para a construção de cinco usinas hidrelétricas, que serão responsáveis pela geração de 3.450 MW, energia suficiente para bastecer 12 milhões de lares no Brasil.

As Usinas Hidrelétricas do Complexo do Teles Pires são: Teles Pires, São Manoel, Sinop, Colíder e Foz do Apiacás.

Segundo Paludo, a Famato está determinada a viabilizar a construção das eclusas nas hidroelétricas que estão sendo construídas pelo Estado afora. A federação quer criar limitadores para que toda a barragem que for construída já contenha o projeto das eclusas ou, pelo menos, o canal.

“Temos possibilidades 'n' para o modal hidroviário. Precisamos fazer algumas intervenções para tornar o rio navegável. E também precisamos de vontade política para fazer os processos saírem do papel. Dinheiro vem, porque os projetos são bons, economicamente viáveis”, disse.

Ele explicou que, em quase todos os rios do Estado, para viabilizar a navegabilidade, é preciso fazer a construção das barragens e também as eclusas. Ele reconhece que os projetos vão causar impacto ambiental e social.

“Agora, se comparar um impacto ambiental de uma rodovia com uma hidrovia, eu duvido que algum ambientalista diga: constrói a rodovia. Mas, ficar sem construir nada é que não dá. Senão a sociedade para e o Estado de MT não pode parar”, analisou.

“Temos que analisar qual modal é mais viável, e que traz o melhor retorno, com um menor impacto. Em Mato Grosso, as hidrovias são mais viáveis”, completou.

Falta de sintonia

Um dos problemas apontados pelo executivo da Famato é a falta de sintonia entre os Ministérios do Transporte e de Minas e Energia.

“O setor de minas e energia foi na frente e o de transporte ficou atrás. Quando percebemos, os projetos das usinas já estavam prontos e sem as eclusas. Dá pra fazer as eclusas depois, mais sai muito mais caro”, explicou.

Sem desemprego

A Famato sustenta que a implantação dos outros modais de transporte não vai gerar o desemprego, como setores ligados ao modal rodoviário especulam.

“Falam que vai haver desemprego. Isso não é verdade. O caminhão não vai deixar de existir. Os caminhões vão continuar fazendo fretes em curtos trajetos. O caminhoneiro vai ter mais qualidade de vida, e também vai desenvolver a economia local. O emprego dele vai ser garantido na rota curta e não de rota longa, não precisa mais ficar uma semana fora de casa", afirmou.

“Temos que inverter esse papel, sair desse modal rodoviário, ir para o ferroviário e para o hidroviário. Transporte multimodal, essa é a solução”, completou Paludo.
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