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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

Notícias | Geral

Uso de dispositivos intravaginais para sincronização de cio com menor progesterona

Os dispositivos intravaginais de liberação de progesterona já são hoje bastante conhecidos e utilizados em programas reprodutivos de bovinos. De forma geral, os dispositivos são compostos por uma alma plástica resistente e alguns com memória (capacidade de retornar ao formato original após sua manipulação), recoberta por um polímero (como o silicone) impregnado com progesterona (P4). Seu formato pode ser variado, mas é necessário que proporcione uma adequada retenção do dispositivo na vagina (evitando perdas) sem ser, no entanto, muito agressivo à mucosa vaginal. Em termos funcionais, os dispositivos devem liberar progesterona (quando em contato com a mucosa vaginal) em uma taxa constante, mantendo concentrações plasmáticas desse hormônio suficientes para a manipulação desejada do ciclo estral dos animais. Quando o dispositivo é removido, a concentração de progesterona circulante cai rapidamente.

Inicialmente, os dispositivos eram utilizados apenas uma vez e descartados. No entanto, descobriu-se que a reutilização dos dispositivos comercialmente disponíveis pode ser realizada com pequeno comprometimento das taxas de prenhez aos protocolos de IATF e TETF. Assim, dispositivos de 1 g de progesterona passaram a ser utilizados até três vezes em gado de corte, enquanto os de 1,9 ge o de 1g + 3 anéis de 100 mg cada (Cronipres®3 Usos) já estão sendo utilizados pela quarta vez em algumas propriedades.

Infelizmente, como a grande maioria dos dispositivos intravaginais não foram desenvolvidos/registrados para serem reutilizados, deste modo não possuem efeito memória e, a porcentagem de queda conforme sua reutilização, pode chegar a mais de 15%, muito superior a media esperada de 1 a 3% de queda/perda.

A reutilização de dispositivos tem vantagens e desvantagens. A maior vantagem é a redução dos custos com esse produto, pois ele passa a ser utilizados três ou quatro vezes com o mesmo valor gasto anteriormente para uma utilização. No entanto, há desvantagens inerentes a reutilização que devem ser cuidadosamente avaliadas em cada situação específica. Uma delas é o tempo e mão de obra gastos com a limpeza dos dispositivos que serão utilizados novamente (sem contar o custo do agente desinfetante utilizado). A isso se soma o maior risco de ocorrência de vaginites e outras infecções do trato reprodutivo (especialmente nos casos em que há má higienização e armazenamento do dispositivo), a maior ocorrência de queda de dispositivos (perdas) e a necessidade de maior organização com relação ao número de vezes que cada dispositivo foi utilizado.

Dentre os dispositivos registrados disponíveis no mercado, somente o Cronipres®3 Usos possui registro no Ministério (MAPA) para reutilização, já que demonstrou sua eficácia na reutilização devido a incorporação de anéis de P4 durante os usos, também por ter apresentado estudos de eficácia na esterilização por amônia quaternária ou iodopolvidona, e por possuir rabicho para troca (azul, amarelo) que possibilitam sua identificação no reuso. Somado ao baixo índice de queda (perda) devido seu desenho ergométrico.

Uma alternativa para evitar os problemas da reutilização de dispositivos foi o lançamento de dispositivos com menor concentração de progesterona impregnada (0,558 g), que seriam indicados para uso único em bovinos. Por essa razão esses dispositivos foram batizados de “mono dose” ou “mono uso” (Cronipres Mono Dose®). Esse dispositivo também pode ser uma boa opção para animais sensíveis a concentrações mais elevadas de progesterona, como é o caso de novilhas.

Existem diversos protocolos hormonais que resultam taxas de prenhez em vacas ao redor de 50 a 60% (BARUSELLI et al., 2004; CUTAIA et al., 2003). No entanto, os resultados obtidos em novilhas zebuínas são menores, de 15 a 47% (MARQUES et al, 2005; PERES 2008, DIAS 2007).

Uma possível explicação refere-se às altas taxas plasmáticas de progesterona nos programas que utilizam dispositivos intravaginais de progesterona/progestágenos, causando retroalimentação negativa no hipotálamo e consequentemente menor pulsatilidade do hormônio luteinizante (LH; BERGFELD et al., 1995; BURKE et al., 1996, CALLEJAS et al., 2006). Como consequência desse processo ocorre menor crescimento do folículo dominante e menores taxas de ovulação e prenhez.
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