Depois de comemorar bons preços no ano passado, uma reviravolta no mercado trouxe sérias consequências para os produtores de feijão. A área plantada aumentou e a oferta fez os preços despencarem. Em algumas regiões a queda no valor chega a 50%. No interior de São Paulo a situação é ainda pior em função da seca, que favoreceu o surgimento de pragas e desestimulou os produtores.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados na primeira semana de agosto, o Brasil produziu na primeira, segunda e terceira safra 2013/2014, 3,4 milhões sacas de feijão, 22% a mais que na safra passada.
O produtor de Araçoiaba da Serra, interior paulista, Allan Delfino, atrasou o plantio da soja por causa da seca e acabou afetando a produção de feijão.
– Colhi mais tarde e atrasei o plantio do feijão. Devido a isso, o grão pegou um período com menos chuva, mais suscetível a doenças e também a pragas como a mosca branca – diz o produtor.
O grão perdeu a qualidade e a saca deve sair a R$ 60. Delfino diz que talvez nem compense colher o feijão plantado nos 25 hectares.
Segundo a analista de mercado Sandra Hetzel, para esta safra, já não há mais o que faz. Ela salienta que é preciso começar a pensar na próxima temporada.
– É um quadro pior do que poderia encontrar no momento de conjuntura de preços ruins. Isso evidentemente vai afetar o plantio da primeira safra do ano que vem. No Sul, a tendência já é de queda da área plantada, pois quem entrou no feijão no lugar da soja, voltaria para soja na safra 2014/15. É esta tendência de recuo na área plantada para o ano que vem – explica.