Todos os meses, as distribuidoras -empresas que atendem diretamente o consumidor- precisam pagar a eletricidade extra contratada das usinas geradoras. Esses contratos, bilionários, são feitos para que seja possível atender integralmente a demanda de seus clientes.
Os pagamentos são fixados em calendário da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) e ocorrem geralmente no início de cada mês. O valor pago refere-se sempre à energia utilizada há dois meses.
No início deste mês de julho, porém, as distribuidoras de energia não dispunham de caixa suficiente para pagar suas contas. Elas devem R$ 1,322 bilhão pela energia extra utilizada em maio.
O governo vem dando suporte a essas companhia desde o início do ano.
Como os gastos com compra de energia estão extremamente elevados, essas empresas já receberam um aporte de R$ 1,2 bilhão do Tesouro e contrataram, com intermédio do governo, um financiamento bancário de R$ 11,2 bilhões para pagar essas contas.
O problema é que todo esse montante já foi empregado. Novamente sem dinheiro e sem nova fonte de recursos, essas empresas tiveram de pedir, mais uma vez, socorro ao governo.
ADIAMENTO
Sem conseguir tomar nenhuma ação imediata, o governo adiou o prazo de pagamento para 31 de julho, próxima quinta-feira (a mesma medida já havia sido adotada em abril deste ano).
O novo prazo, contudo, ainda não será suficiente. Por isso, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve aprovar nesta terça-feira (29), durante reunião de sua diretoria, o adiamento do prazo para início de agosto.
A justificativa para a mudança é de ordem prática: permite que o governo tenha mais tempo para costurar um acordo com bancos e elétricas para levantar dinheiro suficiente para cobrir o rombo do setor.
A Folha apurou com o setor elétrico que essa prorrogação não deve ultrapassar os dias 6 e 7 de agosto, data em que deve ocorrer também o pagamento dos gastos feitos em junho.
Enquanto isso, o governo tenta acordo com as instituições bancárias para que seja firmado um novo empréstimo. Agora no valor de R$ 6,5 bilhões e com a participação do BNDES.