As novas ferrovias inclusas no Programa de Investimento em Logística (PIL) do governo federal devem entrar em operação – se tudo der certo - somente a partir de 2022, segundo o presidente-executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Baldez.
Baldez palestrou nesta quarta-feira, sobre a expansão do modal ferroviário no Brasil, em um evento sobre transportes realizado em São Paulo. Ele elencou os motivos da espera por até oito anos para que novos trilhos escoem cargas no país. “Não se faz uma ferrovia de dois mil quilômetros em três anos”, comentou.
O presidente da Anut mostrou, em um cronograma, que o ano de 2014 deve ser apenas de estudos de viabilidade, definição dos projetos prioritários, realização de projetos básicos e venda da capacidade por meio de leilões. Já 2015 deve ser usado para elaboração dos editais, aprovação no Tribunal de Contas da União (TCU), publicação de licença prévia e assinatura de contratos.
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Nos primeiros seis meses de 2016, segundo Baldez, as concessionárias deverão providenciar os projetos executivos, conseguir as licenças de instalação e planejar as obras. Os trilhos devem começar a aparecer somente a partir do segundo semestre daquele ano e as obras devem perdurar por pelo menos cinco anos.
A análise do executivo prevê que, se tudo ocorrer dentro do planejado, em 2021 deve ocorrer a conclusão das obras. Mas, mesmo com as linhas ferras prontas, os vagões ainda não poderão ser carregados. Ainda será necessário providenciar as homologações dos trechos, as licenças de operação, os testes pré-operatórios e a liberação dos trilhos. Assim, a oferta de capacidade com a consequente operação comercial deve ficar para 2022.
O cronograma apresentado pelo executivo é um “balde de água fria” no setor produtivo de Mato Grosso, que anseia pelo novo modal de transporte para levar soja e milho até aos portos. Os produtores rurais sonham com uma ferrovia ligando Lucas do Rio Verde à Ferrovia Norte-Sul, em Goiás. Empresas multinacionais dizem ser melhor ligar Lucas a Itaituba (PA) e colocar trilhos também entre Água Boa e Goiás e, Sapezal e Porto Velho. Mas, enquanto as ferrovias não saem do papel, a produção agrícola mato-grossense continuará sendo escoada em cima de carretas até os terminais portuários.