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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Feiras indígenas promovem a preservação de sementes e mudas

A troca de sementes e mudas de plantas úteis entre as pessoas é uma prática tão antiga quanto a invenção da agricultura. No Brasil, é comum entre os índios visitar parentes levando esses suprimentos para trocar. Com base nessa tradição, a Associação Terra Protegida, que reúne índios de várias aldeias da etnia Caiapó, promove uma feiras de sementes para incentivar a troca.

Os Caiapós estão entre as 15 etnias indígenas mais importantes do país. São mais de oito mil índios espalhados em uma extensa área contínua de Floresta Amazônica, que começa no extremo norte de Mato Grosso e abrange uma boa parte do sul do Pará. São 11,5 milhões de hectares - a maior área de reserva indígena do Brasil, espaço suficiente para abrigar todo o território de Portugal.

A presença secular deles na região é uma garantia da preservação da floresta e de centenas de rios que formam a bacia do Xingu, um dos mais importantes afluentes do Amazonas.

A aldeia Moicarako, que organiza o evento, fica no município paraense de São Félix do Xingu. Para o cacique Akiaboro, além da importância da feira para a troca de sementes, o encontro serve também para discutir os problemas dos índios e mostrar a importância deles para a preservação da floresta.

Os índios de outras aldeias que participam do evento são acomodados em ocas erguidas só para eles. Os brancos levam suas próprias barracas. Um poço artesiano fornece água encanada para o uso da tribo e dos convidados.

Durante a feira, um grupo da etnia Kaxinauwa, da fronteira do Brasil com o Peru, toca suas buzinas feitas com carapaça de peixe e rabo de tatu. Os caiapós recebem os caxinauwás na casa do guerreiro.
Para o almoço, as mulheres preparam o berarubu, prato feito com carne de peixe ou de caça empanada no polvilho de mandioca. Para embrulhar o berarubu, as índias fazem trouxas de folhas de helicônia, planta da família da bananeira.

Sobrevoando a aldeia Moicarako é fácil identificar queimadas na beira do rio. Segundo o biólogo Adriano Jerozolinky, coordenador da Associação Terra Protegida, este é um problema cada vez mais comum nas aldeias.
Para os índios, a troca de sementes é uma segurança a mais de que não vai faltar comida. Para a ciência e para a humanidade, são tesouros genéticos, já que essas sementes e seus genes podem ser usados em cruzamentos feitos em laboratório com os objetivos de dar mais resistência a doenças e pragas e também na melhoria do sabor e da qualidade dos alimentos.
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