Os preços dos alimentos, tanto no atacado quanto no varejo, ainda não mostram sinais da estiagem registrada em várias regiões do País. Segundo o superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros, não há evidências de que a seca esteja refletindo nos preços.
'Em algumas regiões, talvez algumas produções tenham sido afetadas, e colheitas antecipadas forçadamente, antes da maturação completa. Então, algum impacto pode ocorrer, mas não tão grande que não possa ser acomodado sem mudança na curva', disse Quadros.
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) divulgado nesta quarta-feira, 19, foi uma mostra de que a estiagem ainda não produziu efeitos na inflação, segundo o superintendente. A segunda prévia do indicador deste mês, com apuração entre os dias 21 de janeiro a 10 de fevereiro, mostrou alta de 0,24%. Em igual prévia do mês passado, a elevação estava em 0,46%.
'Os próximos IGPs até podem apresentar algum efeito, mas de maneira moderada', disse Quadros, citando soja, milho e leite como alguns itens que poderiam ser sensíveis à estiagem. 'Mas não vejo indicação de inversão. As quedas de preços estão se disseminando (entre as matérias-primas brutas), o que pode haver é uma atenuação dessas quedas', acrescentou.
Por enquanto, o preço da soja em grão caiu 7,05%, aprofundando a queda que já era de 3,74% em janeiro. Também desaceleraram o farelo da soja (-4,69% para -6,21%), as aves (0,38% para -2,88%) e o milho em grão (3,19% para 1,16%). Nos bens finais, também foram registrados alívios em preços de carne bovina (2,8% para 1,1%), aves abatidas e refrigeradas (1,05% para -6,66%) e açúcar refinado (-0,22% para -1,27%).
Para Quadros, o recuo nos preços dos alimentos no atacado já se faz sentir no varejo. Ao consumidor, o índice que mensura a alimentação no domicílio caiu 0,18% na prévia divulgada nesta quarta contra alta de 1,12% na segunda prévia de janeiro. O movimento, destacou o superintendente, é incomum para esta época do ano.
'Isso é uma contribuição dos alimentos in natura, em destaque, e dos derivados de trigo, que mostraram resistência, mas finalmente estão desacelerando', disse. 'O que o IPA mostra é que a cadeia de alimentos está favorável.'