No promissor negócio da avicultura, o maior mercado é o interno, assim como no mercado bovino. O destino da produção de frango é de cerca de 34% para o mercado externo os outros 66% destinados ao mercado doméstico brasileiro, "onde o consumidor conta com produto de excelente qualidade e preço bastante competitivo", informa Uacir Bernardes, presidente da AGA, Associação Goiana de Avicultura.
Com alguns aumentos inesperados dos grãos, que são os constituintes da ração de aves, houve um incremento no custo bastante significativo, já que ração representa 70% do custo do frango.
Um dado curioso é que o milho representa 70% da ração, daí conclui-se que o milho corresponde a 49% do preço do frango. "Somente um único constituinte da ração, o milho, tem todo esse peso na composição do preço. Essa parte de grãos é bastante sensível na formação do custo", afirma Uacir.
De uma maneira cômica podemos dizer que o frango é uma porção imensa de milho embalada em uma pele, é claro que por trás de tudo isso existe muito trabalho genético, investimentos em pesquisas, cuidados sanitários entre outras atenções específicas. A atividade é bastante tecnificada, com produtividade entre as melhores do mundo. A produtividade goiana e brasileira são muito semelhantes, o pacote tecnológico é muito parecido, as diferenças que existem estão basicamente nas questões geográficas como clima e relevo.
SITUAÇÃO GOIANA - Goiás hoje é o 6º Estado produtor de frangos e 5º Estado exportador do Brasil. Os melhores importadores da carne de frango brasileira são a Arábia Saudita, Estados Unidos, Japão, Hong Kong e Emirados Árabes, que juntos consomem metade da carne de frango brasileira exportada.
Goiás conta hoje com quatro grandes frigoríficos "sifados" (aqueles inspecionados pelo SIF, Serviço de Inspeção Federal, do Ministério da Agricultura), sendo a BRF com unidades em Rio Verde, Jataí e Mineiros, Nutrisa em Pires do Rio, a Superfrango em Itaberaí, e a Pif Paf em Palmeiras.
O sistema produtivo é verticalizado, não existe um comércio onde o produtor cria o frango e vende ao frigorífico. Funciona em parceria, onde o produtor entra com a propriedade rural e a construção do aviário, e o frigorífico fornece o pintinho, a ração, a assistência técnica, vacinas, medicamentos quando necessários e a "pega" do frango para ser abatido. O sistema é verticalizado, não existe disputa do avicultor com a indústria. O sistema do frango é uma agroindústria onde a cadeia é complementar e organizada.
Os projetos das plantas em Goiás é aumentar a produção. Nos últimos 15 anos houve crescimento contínuo, sendo que 20 anos atrás Goiás ocupava apenas a 9ª posição no Brasil. Hoje ocupa a 6ª posição e se aproxima do 5º Estado produtor que é Minas Gerais. Estima-se que em Goiás existam cerca de 32 milhões de frangos.
As empresas possuem programas sanitários e trabalham extensivamente de forma preventiva, uma vez que o ciclo do frango é curto e não há tempo para tratar em casos de doenças. Essa biosegurança é intensa, evitam-se visitas e no caso de entrada em recintos com matrizes e nos incubatórios os técnicos passam por dois banhos antes do acesso aos animais.
Questionado sobre apoio dos governos federal e estadual, Uacir não reclama dos dois, mas afirma que o estadual entendeu primeiramente o setor avícola, já o governo federal tem mais dificuldade de entender essa cadeia produtiva, uma vez que nem mesmo ainda conseguiu entender o agronegócio que é o responsável pelo superávit e pelo PIB. O governo federal não dá a importância necessária para o setor. “Os Estados enxergam melhor a avicultura, sabem do potencial de geração de empregos e geração de tributos".
EMPREGABILIDADE - Segundo o presidente da AGA, "onde há um frigorífico de frango, se não for o principal empregador do município, está entre os dois principais empregadores". Estima-se que o segmento gera cerca de 54 mil empregos diretos. A associação calcula que, para um emprego direto gerado, há geração de mais seis indiretos. O maior empregador de Goiás hoje é a BRF, com cerca de 13 mil funcionários. Em Itaberaí, o maior empregador é a Superfrango, em Pires do Rio é a Nutrisa, em Palmeiras a Pif Paf.
A tecnologia é de ponta, não existe nada mais moderno no mundo em produção de proteína animal do que produzir carne de frango. Essa tecnologia é usada como referência para outras atividades, como o exemplo de um produtor que é agricultor e pecuarista de corte, e decide produzir frango. A partir dessa inserção muda toda sua forma de pensar e projetar sua produção, porque passa a trabalhar com índices totalmente controlados. Isso desperta no produtor a necessidade de fazer a mesma coisa com outras atividades.
Há tanta tecnologia por trás de um frango que assusta algumas pessoas. "As pessoas que não conhecem o que é feito na avicultura têm uma explicação simplista e afirmam que tem hormônio", lamenta Uacir. Ele é categórico ao afirmar que em momento algum há aplicação de hormônios e ressalta que no Brasil é proibida a utilização. Apesar desses boatos, a população brasileira nunca deixou de comer carne de frango, hoje a média é de cerca de 50 Kg/ano por habitante, e nos Emirados Árabes, maiores consumidores mundiais, a média se aproxima dos 70 Kg/ ano/habitante.