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Sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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ENTREVISTA

Novo presidente da Embrapa destaca inteligência estratégica

Entre as prioridades, Lopes destacou a consolidação das novas Unidades Descentralizadas, dos ajustes no Sistema Embrapa de Gestão (SEG) e do processo de inteligência estratégica na Embrapa

Foto: Assessoria

Maurício Lopes, novo presidente da Embrapa

Maurício Lopes, novo presidente da Embrapa

Após a nomeação do pesquisador Maurício Antônio Lopes para o cargo de presidente da Embrapa, com a publicação da portaria no Diário Oficial da União, ele concedeu uma entrevista para falar sobre seus planos à frente da Empresa.


Entre as prioridades, Lopes destacou a consolidação das novas Unidades Descentralizadas, dos ajustes no Sistema Embrapa de Gestão (SEG) e do processo de inteligência estratégica na Embrapa. Além disso, tratou de temas polêmicos como Acordo Coletivo de Trabalho, atuação internacional da Embrapa, participação da Empresa no mercado de cultivares, abertura de capital, entre outros.

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Confira a seguir os principais pontos dessa entrevista.

Quais suas prioridades como novo presidente da Embrapa?

A Embrapa marcou a história da agricultura brasileira. A Empresa conta com um corpo técnico extraordinário e está capacitada a operar eficazmente em redes e outros arranjos institucionais com ampla gama de parceiros nacionais e internacionais. A nossa maior prioridade é fortalecer esta capacidade conquistada ao longo de quase quatro décadas para que a Embrapa possa responder de forma eficiente à demanda tecnológica atual e futura da agricultura brasileira. As últimas gestões investiram em ajustes e modernização dos processos e estruturas da Empresa e nós queremos construir sobre esta base. Temos várias Unidades que foram criadas recentemente e é importante dar grande prioridade para estruturar processos, infraestrutura e agregar as competências para que funcionem plenamente no menor espaço de tempo. Temos que finalizar ajustes iniciados nos sistemas de avaliação da Empresa e concluir o aprimoramento do nosso Sistema Embrapa de Gestão (SEG). E temos que avançar na consolidação do processo de inteligência estratégica que ajudará a Embrapa a se posicionar bem nos ambientes dinâmicos e complexos de inovação tecnológica. Temos pela frente temas importantes relacionados à economia verde, à sustentabilidade, à implementação do Código Florestal, dentre muitos outros. Para a empresa se preparar melhor para esse contexto de mudanças muito rápidas e algumas bastante radicais é importante ter o seu processo de inteligência estratégica consolidado. E, obviamente, o investimento no aprimoramento contínuo do patrimônio intelectual da Empresa, nas pessoas que a fazem e perenizam, deve estar sempre entre as principais prioridades do presidente e da Diretoria Executiva.

Quais as ações imediatas?

A Embrapa tem processos bastante consolidados e, mesmo em momentos difíceis, raramente desviamos do nosso curso normal. Temos muitos processos importantes em andamento e o nosso intuito é dialogar com os nossos gestores para rapidamente retomarmos a plena normalidade. Por exemplo: temos uma grande prioridade agora em lançar as novas chamadas para fortalecimentos dos nossos portfólios e arranjos de projetos; temos que rapidamente finalizar os processos de avaliação e acompanhamento individual e de Unidades. Temos que trabalhar rapidamente o planejamento para o próximo ano e certamente teremos em breve uma reunião gerencial com todos os chefes das nossas Unidades Centrais e Descentralizadas para discussão da nossa agenda futura.

Haverá mudanças com relação à área internacional da Embrapa?

É importante enfatizar que o processo de internacionalização da Embrapa não só continuará, mas será reforçado. O que será revisto é a forma de operação no Exterior. O mecanismo chamado Embrapa Internacional está extinto e buscaremos outras formas de garantir agilidade e flexibilidade na relação com os nossos parceiros internacionais. Mas, repito, a ênfase na cooperação internacional é total. O programa Labex será reforçado e, estou certo, trará cada vez mais frutos para a agricultura brasileira. Da mesma forma, a nossa cooperação técnica será cada vez mais enfatizada, com participação cada vez m ais ativa das nossas Unidades Descentralizadas. Há uma expectativa enorme de parceiros internacionais com relação aos compromissos que assumimos e todos serão cumpridos. A grande mensagem é: não há nenhuma sinalização para que a Embrapa diminua a sua ênfase na cooperação internacional. Vamos fortalecer os mecanismos de cooperação internacional que temos e dinamizar ainda mais a nossa relação com organismos internacionais, que complementam o nosso esforço e nos ajudam a trazer inovações importantes para a agricultura brasileira.”

Alguns setores têm questionado a capacidade de inovação da Embrapa. Como senhor vê essas avaliações?

Eu percebo que muitas dessas avaliações estão centradas na retração da participação da Embrapa nos mercados de cultivares de biotecnologias, de sementes. É preciso que se avalie bem essa retração, que ocorreu não só no Brasil, mas em todo o mundo. E a redução da participação da Embrapa no mercado de cultivares melhoradas só poderia ser compreendida como um fracasso se a agricultura brasileira não tivesse se modernizado de forma tão evidente nas últimas décadas. O que ocorreu foi exatamente o inverso, pois somos um grande produtor mundial de alimentos. Parte desse sucesso se deve á grande contribuição da Embrapa na importação de germoplasma e na tropicalização de grande número de cultivos importantes. Como é normal, o mercado mudou e a Empresa esta realinhando e reajustando a sua estratégia, para continuar presente neste mercado. Mas é importante também ressaltar que a atuação da Embrapa vai muito além do mercado de cultivares melhoradas. A Empresa desenvolve e disponibiliza sem número de tecnologias, de processos, de informação, de serviços para a agricultura. Por exemplo, o zoneamento de risco climático, as tecnologias para integração lavoura-pecuária-floresta, tecnologias de manejo florestal, de manejo de solo e de água, dentre tantas outras. Os nossos programas estão cada vez mais se estruturando para contribuir com os novos desafios da agricultura. Nós estamos fazendo a opção por organizar portfólios de pesquisa em temas de grande relevância e importância estratégica para o Brasil como, por exemplo, a busca de inovações para o setor sucro-energético. A Embrapa, juntamente com outras instituições parceiras, tem um dos maiores portfólios de pesquisa no mundo para redução dos impactos das mudanças climáticas na agricultura. Também estamos organizando um portfólio voltado para o uso de geotecnologias, e tecnologias de monitoramento por satélite, que vai ajudar o país a entender melhor a sua base de recursos naturais fazendo uma gestão da agricultura em acordo com os novos desafios colocados pelo Código Florestal e pela temática da sustentabilidade. Realmente, não faz nenhum sentido, frente a tudo isso, dizer que a Embrapa não está conectada à realidade e às necessidades da agricultura brasileira. Estamos sim, muito preparados para, em conjunto com os nossos múltiplos parceiros ajudarmos na construção da agricultura brasileira do futuro.

Há algum tempo foi discutida a abertura de capital da Embrapa como uma eventual solução para esses problemas apontados anteriormente. Qual a opinião do senhor sobre esse assunto?

Eu creio que está claro para todos a dificuldade se seguirmos adiante com a perspectiva de abertura do capital da Empresa, na maneira como alguns imaginaram que fosse possível. O que não quer dizer que não precisemos buscar mecanismos, estratégias e meios criativos de aproximar cada vez mais a empresa do mercado de inovação. Pesquisa e inovação demandam recursos cada vez mais vultuosos e devemos sim encontrar novas maneiras de atrair recursos e investimentos do setor privado para o processo de inovação da Embrapa, sem perder de vista a função de empresa pública, que está no centro da nossa missão. Quem avaliar bem a lógica e a estrutura de produção da Embrapa, entenderá a amplitude das suas contribuições, rep resentadas no seu portfólio de produtos, processos, serviços e informações. E facilmente compreenderá que não faz muito sentido se pensar em ampla abertura de capital ou na privatização de uma organização com a conformação e com a missão que temos.” (Fonte: Embrapa)

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