Depois de um ano atípico, em que produção e exportações recordes colocaram o mercado de milho em ebulição, o Brasil dá um passo à frente e volta a ampliar suas apostas no cereal. Animados com os resultados da cultura em 2012, os produtores passam por cima do risco climático e aumentam em 9,9% a área destinada ao milho neste inverno, revela o Indicador de Safra da Gazeta do Povo.
Mesmo fora de zoneamento, o plantio do cereal cresce a taxas de dois dígitos nos principais estados produtores e, em âmbito nacional, se estende a 8,02 milhões de hectares. Essa extensão equivale a quase um terço da ocupada pela soja no verão.
“Ano passado foi um ponto fora da curva. A produtividade foi recorde e a colheita foi farta, mas os preços subiram, porque as exportações também foram recordes. Com isso, o produtor tomou gosto pelo milho safrinha. Ampliou a área basicamente por conta do mercado, nem tanto pela tendência no futuro, mas pelo resultado da safra passada”, avalia o agrônomo Robson Mafioletti, técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que participa da Expedição Safra, projeto que embasa o Indicador.
Neste ano, explica o técnico, a tendência é que o rendimento retorne à média histórica. Devido ao atraso na colheita do verão, parte da área foi plantada fora da janela ideal e, com isso, deve render menos, puxando para baixo a média brasileira. “Todo milho plantado depois março perde potencial produtivo, independente do clima durante o resto do ciclo”, considera Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista do Instituto Somar.
Em Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, cerca de 20% das lavouras estão sendo semeadas depois da época recomendada, conforme estimativa do Agronegócio Gazeta do Povo (AgroGP). Juntos, esses quatro estados respondem por 86% a área nacional.
O recuo de 7,2% previsto pelo AgroGP na produtividade média das lavouras, contudo, não deve impedir um novo salto na produção. Com 37,3 milhões de hectares, a safrinha brasileira de milho deve superar, pelo segundo ano consecutivo, a produção de verão, numa diferença de quase 1,5 milhão de toneladas. “Em termos de produtividade, dificilmente conseguiremos repetir o desempenho do ano passado, mas a perspectiva é positiva, de safra maior”, resume Mafioletti.