Depois de 40 anos plantando laranja, o agricultor Gilmar de Azevedo decidiu mudar a paisagem do sítio, em Taquaritinga, nordeste do estado de São Paulo.
Em vez de pomares, ele agora tem 40 hectares de milho e uma operação de máquinas e homens para o plantio de 80 hectares de cana. “Hoje não compensa arriscar na laranja porque o horizonte é de perda”, explica.
A safra passada foi recorde, mas o preço da laranja desabou. As indústrias alegaram estoques cheios e demoraram para fechar os contratos de compra. Muitos agricultores não conseguiram negociar a tempo e a fruta apodreceu no campo.
Por causa da crise, a área plantada de laranja caiu 6% no estado. Em algumas lavouras, as plantas foram erradicadas antes da colheita.
Agora, o maior problema é a diminuição dos chamados tratos culturais. Como a safra rendeu menos que o esperado, os agricultores investiram menos nos laranjais. O mato que geralmente é roçado e jogado para debaixo dos pomares para fazer uma forragem natural, continua alto para economizar no número de roçadas e gastar menos óleo diesel.
Carlos Gavioli não pensa em erradicar o pomar de oito anos. Ele manteve as aplicações de inseticidas para combater pragas e doenças, mas suspendeu a adubação. “É um custo de quase 30% da cultura e a planta consegue ficar sem isso. Estou sem opção”.
Para a Citrus BR, Associação dos Exportadores de Sucos Cítricos, a queda na safra será de 23% com uma produção final de 281 milhões de caixas.