Apesar de Mato Grosso se destacar na produção de soja, milho e algodão tendo ainda o maior rebanho de gado de corte do país, com 29,2 milhões de cabeças, muitos não sabem que o Estado também é
campeão na produção de girassol. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso é responsável por 61% da produção nacional de girassol, totalizada em 92,7 mil toneladas. O município mais tradicional e o maior produtor é Campo Novo dos Parecis (396 Km a Noroeste de Cuiabá), que responde por mais de 70% da produção, cultivando girassol há 19 anos.
De acordo com os produtores locais, o plantio iniciou em pequena escala, com o produto sendo enviado a grandes mercados para a alimentação de pássaros. Hoje, porém, depois da constatação de condições favoráveis para o desenvolvimento desta cultura, com terra e clima são favoráveis, houve um implemento na plantação, o que chamou a atenção inclusive de empresas a nível de Brasil.
O produtor Sérgio Estefanelo, pioneiro no plantio de girassol em Campo Novo e o maior produtor da região, já que há 19 anos cultiva o girassol como opção de cultura de segunda safra, iniciou cultivavando 160 hectares, sendo que hoje essa área é de 3.500 ha. “Começamos a partir de um incentivo do governo, na época destinávamos nossa produção para ração de passarinho, hoje temos o óleo como opção e também há o farelo para a pecuária”. O produtor aponta, entre as vantagens do girassol diante do milho e algodão como cultura de na segunda safra (safrinha), a tolerância um pouco maior à seca e a outras adversidades.
Entre as desvantagens está o pacote tecnológico, isso porque assim com as demais culturas o girassol também tem necessidade de investimentos em tecnologia, o que com o algodão e milho
estão bem mais avançados.
Um dos maiores destaques do plantio emCampo Novo dos Parecis, que inclusive tem atraído mais agricultores a plantarem o girassol, foi a criação de industrias para o processamento da planta. Isso porque o transporte para outros estados é completamente inviável, em função das características e especificidades da planta. A indústria que primeiro surgiu no município foi a Parecis Alimentos S/A, em operação desde 2008. De acordo com CarlosEduardo Momesso, gerente Administrativo e
Industrial da empresa - que hoje conta com 42 sócios produtores, que ano a ano, foram ampliando esta área em razão do crescimento da industria - diz que no início eles começaram com algo em torno de 4.000 hectares, sendo que nesta safra 2013 estão fomentando via Parecis Alimentos 21 mil hectares.
O gerente explica ainda que a implantação da industria deu-se porque a região possui clima e tecnologia favoráveis ao desenvolvimento da cultura do girassol, além da questão transporte, que é um limitante em razão da baixa densidade do grão de girassol, o que em síntese faz com que o mesmo caminhão que transporta 36 tons de soja consiga transportar somente 22 de girassol. “Com a industria próxima ao campo este fator limitante é amenizado, viabilizando a ampliação da área e o consequente aumento pela demanda no mercado nacional.
Hoje, a Parecis Alimentos S/A atua no mercado de óleo convencional (o óleo encontrado na prateleira do supermercado), e no de alto oleico, óleo especial utilizado em industria de assados e salgados, como a Pepsico do Brasil por exemplo,em razão de proporcionar um alimento mais saudável. “Nossa capacidade de produção é de em 105 tons/dia. Para 2014, a Parecis Alimentos juntamente com a Celena Alimentos, estará operando com uma nova unidade industrial e a capacidade diária será de
600 tons. A previsão de área de girassol para os próximos anos é de 80 mil hectares”.