O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), fez duras críticas às novas exigências da União Europeia para o fechamento do acordo com o Mercosul, após mais de duas décadas de negociações. Segundo ele, a proposta de cláusula de salvaguarda para commodities agrícolas, que limitaria variações de preço e volume de exportação a apenas 5%, é uma medida inaceitável, que inviabilizaria o comércio com o bloco europeu. “Se é para ser assim, é melhor não fazer. E aí também não faz mais”, disparou.
Leia também:
Após chamar Bolsonaro de 'carta fora do baralho', Dorner agradece Lula por envio de máquinas a Sinop
Fávaro argumenta que, após 26 anos de tratativas, o acordo chegou a um ponto de maturação que exige decisão. “Ou se apanha a fruta e se consome, ou apodrece. E eu torço para que não apodreça antes da gente consumir”, afirmou. Ele reconheceu que o Brasil tem muito interesse na formalização do pacto, mas ressaltou que ele precisa ser justo para todas as partes.
Na avaliação do ministro, a nova proposta teria partido da França e contou com apoio da Itália nos momentos finais da negociação, ao defender a imposição de salvaguardas sobre produtos do agro. O mecanismo proposto prevê que, caso os preços das commodities aumentem mais de 5%, ou se as exportações do Mercosul ultrapassarem 5% de variação, haveria um “stop and go”, suspensão imediata das vendas para a Europa. “O que é isso? 5% em commodities é uma variação normal do dia a dia”, criticou Fávaro.
Para o ministro, é contraditório que se fale em livre comércio impondo barreiras a setores onde o Brasil é mais competitivo. “Esse acordo é muito mais benéfico à União Europeia do que ao próprio Mercosul. E ainda assim, naquilo que somos mais eficientes, eles querem restringir?”, questionou.
Fávaro também disse que o presidente Lula compartilha da mesma frustração com a mudança de rumo nas exigências europeias e cobrou responsabilidade dos parceiros. “O Brasil está esperando bom senso. Se quiserem, está na hora de fazer. Mas se quiserem mudar as regras depois de 26 anos de negociação, não contem mais com o esforço brasileiro”, concluiu.