Se depender da organização e da disposição dos 73 jovens que representaram a região do Alto Jacuí no fim de semana passado, no evento Mundo Cooperativo Jovem, promovido pelo Sescoop do Rio Grande do Sul, o avanço da produção agrícola e a liderança das cooperativas gaúchas estão garantidos.
Os jovens liderados pela Cotrijal, de Não-Me-Toque, passaram mais de seis horas na estrada e foram os primeiros a chegar no ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre. Lá, eles assistiram a palestras e shows, no último encontro das Américas em comemoração ao Ano Internacional do Cooperativismo, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O produtor Maiquel Roberto Junges, de 28 anos, de São José do Centro, Não-Me-Toque, assistiu atentamente a todos os debates. Ele sentou em uma das primeiras filas da caravana, perto de uma das faixas que identificavam a turma do Alto Jacuí e que dizia: "Juntos, por um mundo melhor". "Foi muito proveitoso, com certeza. Para nós, foi bem importante. Eu já faço acompanhamento de mercado, preços e hoje em dia está muito difícil administrar. Para comprar um pedaço de terra, por exemplo, está muito mais complicado do que antigamente, porque a terra está supervalorizada", disse, após o evento, que contou com a participação de diversas autoridades nacionais.
Entre eles o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, e o gerente de Desenvolvimento Cooperativista, Enio Schroeder. "O jovem pode contribuir muito para o sistema cooperativista, através de suas ideias inovadoras, e queremos ter ele mais próximo da nossa cooperativa", afirma Mânica.
Sucessão rural
Segundo o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, o encontro foi "o momento mais importante para as novas lideranças do cooperativismo gaúcho". Segundo ele, o tema da sucessão rural e de liderança nas cooperativas precisa ser incentivado em todo o Estado. Hoje há mais de 600 cooperativas rurais, agropecuárias, de crédito, de consumo, educacionais, habitacionais, de infraestrutura, de produção, de saúde, de trabalho, de transporte e especiais espalhadas pelo Rio Grande do Sul.
O tema da sucessão no campo é importante também porque, de acordo com um levantamento da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), apresentando durante o evento, há cerca de 42 mil propriedades rurais no Estado em que não há um sucessor definido.
Para Taciane Laís Schultz, de 18 anos, de Coqueiros do Sul, além de importante para debater a liderança e o cooperativismo, o evento teve momentos de descontração. "Foi bem legal, bem interessante", disse. Ela também acompanha e se informa sempre sobre a produção rural e todos os assuntos do agronegócio. "A gente que mora no interior tem de acompanhar tudo", disse.
O jovem produtor Robinson Schmitt, de 27 anos, mora em Três Lagoas, em Ernestina, e também fez questão de participar de cada debate. "Foi muito legal, muito bom para nós. Praticamente a cada 15 dias eu vou à cooperativa. Lá nos atendem muito bem. Hoje temos mais acesso à informação", disse.
A Cotrijal liderou a caravana com jovens de Carazinho, Não-Me-Toque, Saldanha Marinho, Coqueiros do Sul, Igrejinha, Almirante Tamandaré do Sul, Santo Antônio do Planalto, Tio Hugo, Mato Castelhano, Lagos dos Três Cantos, Colorado, Victor Graeff e Passo Fundo. Também estavam representantes de Sarandi, Panambi, Erechim, Ibiraiaras e pelo menos outras dez cidades do Norte do Estado.
Ano internacional
O momento mais importante do encontro foi a participação do embaixador da ONU para o setor, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Ele tem viajado o mundo durante o Ano Internacional do Cooperativismo e falou sobre os valores que regem o cooperativismo ressaltou que, na prática, são os mesmos que movem os jovens. "O cooperativismo é uma doutrina com os mesmos valores: democracia, liberdade, vontade de inovar, de mudar, de fazer melhor", disse Rodrigues. Ele recebeu uma homenagem especial do sistema Sescoop/Ocergs, um troféu das mãos do presidente, Vergilio Perius.