A recuperação dos preços do cacau do ano passado para cá tende a ser um incentivo ao aumento da produção nacional, na avaliação de Guilherme Moura, presidente da Câmara Setorial do Cacau. Mas Moura admite que a valorização da commodity no mercado doméstico, em linha com o comportamento das cotações internacionais e maximizada pelo câmbio, sobretudo em 2013, não se refletiu em novos investimentos domésticos na cultura. Somente no mês passado os cacauicultores brasileiros puderam começar a vender seu produto nos novos patamares de preços, já que a maioria deles havia fechado contratos de fornecimento antes da alta.
Atualmente, a arroba está em cerca de R$ 100, ante entre R$ 70 e R$ 75 na primeira metade de 2013, afirma Moura. O custo médio de produção no ano passado foi estimado em R$ 75. "Um preço de R$ 120 por arroba permitiria que o produtor tirasse seu sustento, pagasse o passivo e sobrasse para investir", sustenta o presidente da câmara setorial.
Thomas Hartmann, da TH Consultoria e Estudos de Mercado, afirma que os valores atuais do produto são remuneradores e que, com isso, os produtores brasileiros terão condições de adubar melhor a cultura e ampliar a renovação de suas lavouras.
Para ele, as cotações internacionais, sustentadas nos últimos meses pelas estimativas da Organização Internacional do Cacau (ICCO) de déficit entre oferta e demanda na safra mundial 2013/14, ainda estão em níveis bastante acima do que seria considerado "normal".
Isso porque há uma expectativa de que as safras dos países produtores da África, que concentram a oferta global, sejam volumosas, o que deverá pressionar as cotações da amêndoa. Hartmann acredita que o déficit projetado pela ICCO, de 115 mil toneladas em 2013/14, deverá ser menor ou que "talvez nem haja déficit".
A Costa do Marfim, maior país produtor, deverá registrar uma safra recorde em 2013/14 e superar 1,5 milhão de toneladas. No ciclo 2012/13, foram 1,4 milhão de toneladas. "A gente vê que vai passar de 1,6 milhão de toneladas", afirma Hartmann.