A qualidade da castanha do Brasil que está sendo produzida por povos indígenas no Sudeste de Rondônia e Noroeste de Mato Grosso está atraindo o interesse de empresas em comprar as amêndoas. Na última semana a Associação do Povo Indígena Zoró realizou a comercialização de 50 toneladas de castanha a R$ 4,00 o quilo para a empresa Amazon Brazil Nuts, do Pará.
Os Zoró são um dos povos indígenas apoiados pelo projeto Pacto das Águas, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. “Eles têm uma castanha diferenciada porque receberam orientações de boas práticas de manejo e equipamentos necessários para garantir uma atividade florestal sustentável”, explica Plácido Costa, coordenador do projeto. Além dos Zoró, aldeias dos povos Gavião, Arara, Cinta-Larga e Rikbaktsa, além da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, em Mato Grosso, também participam do projeto.
Os grupos recebem instruções sobre as melhores formas de se coletar a castanha na floresta, como limpá-las e acondicioná-las para evitar o risco de contaminação. Mesas de secagem e barracões são instaladas em locais estratégicos das aldeias ou das colocações, para facilitar o armazenamento. Na associação indígena e na reserva extrativista também foram instalados secadores rotativos, que aumenta ainda mais a qualidade.
Costa explica que o trabalho desenvolvido na região pelo Pacto das Águas está cada vez mais consolidado e se tornando referência de produto de qualidade com compromisso socioambiental e mercado justo. “Além disso, as castanhas são certificadas pela Ecocert, o que garante padrões internacionais de cuidados com o meio ambiente e atesta que as amêndoas são orgânicas”, ressalta.
"O trabalho desenvolvido pelo projeto Pacto das Águas com os povos indígenas despertou a nossa atenção e percebemos que um produto com essa qualidade não é comum de se ver no Brasil e que vale a pena pagar um valor mais alto", aponta Cléberson Nascimento, representante comercial da Amazon Brasil Nuts. Na prática, apesar de a castanha Zoró ser um pouco mais cara que a media no mercado, o custo de beneficiamento é menor do que as castanhas sem as boas práticas de coleta, seleção, secagem e armazenamento. "O consumidor está cada vez mais interessado em saber a origem daquilo que consome e com certeza este é um diferencial", complementa.
Sobre o projeto
O Pacto das Águas, desenvolvido por uma Oscip de mesmo nome, é um projeto apoia povos indígenas e seringueiros em sua organização social, nos processos de capacitação e na estruturação do sistema de coleta, seleção, armazenamento e comercialização de castanha do Brasil. Além disso, fomenta processos de gestão territorial e geração de renda baseados no uso sustentável da floresta e no respeito às formas de organização social destes povos.
O objetivo é articular uma rede de parceiros e agências financiadoras para a constituição de um programa regional de desenvolvimento sustentável, cabendo ao Pacto das Águas o apoio à gestão social e à assistência técnica para a estruturação do sistema de comercialização de 160 a 300 toneladas anuais de castanha e 25 ton. de borracha, envolvendo diretamente mais de 1.000 pessoas de cinco Terras Indígenas que abrangem em seu conjunto aproximadamente de 1,9 milhões de hectares nos estados de Rondônia e Mato Grosso além da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, em Mato Grosso.