Três quartos dos recursos vieram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O restante, de capital próprio da companhia. Acelerar o desenvolvimento de variedades de cana transgênica está no foco desses aportes, que também darão suporte a outras áreas de pesquisa, como as voltadas ao etanol celulósico. "Essa nova infraestrutura vai nos permitir estender, por exemplo, características transgênicas para até 12 variedades diferentes. Antes, estávamos limitados a duas", explica o presidente do CTC, Gustavo Leite.
Com esses projetos, o número de laboratórios do centro vai a cinco que, em vez de uma área de 1,5 mil m2, vão ocupar 4 mil m2, fora os terrenos destinados às estufas, detalha. A guinada da estrutura do CTC, que se tornou uma Sociedade Anônima em 2011, virá também na equipe de pesquisadores, que sairão de um grupo de 60 para 115 profissionais.
Em torno de 75% dos aportes nos laboratórios vieram do PAISS, programa conjunto do BNDES e Finep, para estimular projetos industriais inovadores em cana-de-açúcar. Além de um outro laboratório de biotecnologia vegetal (com o dobro do tamanho do já existente), o CTC está concluindo um de "sementes artificiais". Como o nome já diz, o papel dessa estrutura é desenvolver sementes de cana, e colocar fim ao obsoleto processo de plantio de cana com "toletes" (pedaços de cana). "Para plantar 1 hectare, é preciso de 15 a 18 toneladas de cana em tolete. Com as sementes, será necessário meia tonelada de sementes", diz.
Essa pesquisa já vinha sendo desenvolvida há cinco anos, contudo, com uma infraestrutura tecnológica insuficiente. Esse laboratório, segundo ele, permitirá aos pesquisadores extrair o material genético da cana e "encapsulá-lo" com nutrientes, defensivos e outros componentes para garantir o crescimento da planta.
Esse tipo de produto (sementes de cana) já foi lançado no mercado pela Syngenta, mas foi retirado de circulação, pois não apresentou o desempenho satisfatório.
O terceiro laboratório será de biotecnologia, mas com foco industrial, construído em uma área de 1,1 mil m2. Essa estrutura terá um grupo de 30 pesquisadores, 30% de fora do país, que vão criar microrganismos para produzir enzimas para quebra da celulose do bagaço e da palha da cana - processo essencial na produção do etanol de segunda geração.
Em julho deste ano, começa a operar a planta de demonstração de etanol celulósico do CTC acoplada à unidade de primeira geração da Usina São Manoel, localizada em município paulista de mesmo nome. Com condições de fabricar 3 milhões de litros por ano, a planta ficará em fase semi comercial por 12 meses.
Cerca de R$ 80 milhões foram investidos nesse projeto, também financiado pelo PAISS (industrial), programa do qual o CTC teve contratados R$ 330 milhões para desenvolver ao longo dos próximos quatro anos projetos inovadores em cana. "Estamos formatando outros dois projetos para pleitear recursos do PAISS Agrícola", avisou.