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Sexta-feira, 01 de novembro de 2024

Notícias | Agronegócio

Produtividade brasileira está ficando para trás

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que o Brasil está perdendo a batalha da produtividade, enquanto a China começa a preparar melhor sua mão de obra. Em relatório sobre as tendências mundiais do emprego, a entidade constata que a desaceleração na transformação estrutural tem pesado no crescimento da produção em vários emergentes.


O deslocamento de ex-agricultores para as áreas urbanas, que foi fonte natural de crescimento econômico em alguns paises, está perdendo importância. Trabalhadores não saem mais tão rapidamente da agricultura para atividades com maior valor agregado como no passado. Se altas taxas de crescimento tiverem de ser mantidas no futuro, não podem vir exclusivamente da disponibilidade de fatores de produção (trabalho e capital), e torna-se necessária a melhora no fator de produtividade. "O desafio é assim utilizar o capital e trabalhadores disponíveis de forma mais eficientes, para segmentos de maior qualidade e atividades com maior valor agregado."

Para a OIT, essas tendências são encontradas na China. A entidade nota que, com o crescimento acelerado, a parte dos trabalhadores na agricultura diminuiu quase pela metade, de 70% no começo dos anos 1980 para 35% mais recentemente. Ex-agricultores foram absorvidos rapidamente no setor manufatureiro chinês, que representa hoje uma parte importante da cadeia global de produção.

Em todo caso, o número absoluto de pessoas entre 15 e 64 anos deve declinar nos próximos anos. Em consequência, o potencial de mão de obra para a indústria não crescerá mais. Com isso, a base de produção se estreita, o que leva a China a mudar seu modelo econômico mais baseado em melhora tecnológica, avanço da produtividade e no desenvolvimento de maior consumo doméstico.

"Um exemplo diferente é encontrado no Brasil, que tem experimentado crescimento econômico relativamente modesto nas últimas décadas", diz a OIT. Muitos trabalhadores que deixaram a agricultura foram incorporados em empregos com baixa produtividade no setor de serviços, e não em indústrias com maior produtividade. Além disso, boa parte da indústria local não se beneficiou de inovações ou diversificações significativas, "e o resultado é que seus ganhos de produtividade não atingiram os níveis que sustentam o crescimento econômico".

A OIT chama a atenção para análises apontando o risco da "armadilha da renda média", na qual um país obtém rápida transformação setorial nas primeiras bases do crescimento econômico, mas depois mostra-se incapaz de melhorar a produtividade e a inovação, que podem levá-lo a renda maior.

"Nesse ponto, a China está longe dessa situação, já que continua a crescer mais rapidamente do que fez a Coreia do Sul nos anos 1980, quando esse país tinha estágio similar de desenvolvimento que a China agora", diz a OIT.
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