A rastreabilidade dos alimentos de uma forma geral não precisa, necessariamente, estar associada à automação. "É possível fazer isso utilizando, por exemplo, um caderno ou uma planilha, mas tudo fica mais complicado", afirma Flávia Ponte Costa, assessora de soluções de negócios da Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), entidade responsável pela codificação de produtos no país. Mas a automação dos registros facilita todo o processo, tornando-o mais eficaz e ágil, acrescenta ela.
A Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agropecuária da América Latina, com sede em Campo Morão (PR), informatizou os processos de controle e monitoramento da produção, incrementando a rastreabilidade na produção, afirma José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo. Com faturamento previsto em R$ 8 bilhões neste ano, a cooperativa recepcionou perto 6,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2012/13, quase 4% da produção brasileira, em 116 unidades de recebimento, registrando mais de 26 mil produtores associados no Paraná, em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
A informatização, lembra Gallassini, permitiu que a cooperativa desenvolvesse rotinas que asseguram "melhor gestão, minimização de riscos e maior controle nos processos desde o campo até a indústria". A automação facilitou também o "resgate de informações por meio de inventários, estatísticas, registros de análises, composição de lotes".
A Itaueira Agropecuária já investiu R$ 839 mil para implantar e automatizar todo o processo de rastreabilidade da produção e outros R$ 30 mil para desenvolver o projeto e o software que permitirão à empresa se adequar aos padrões exigidos internacionalmente pela Produce Traceability Iniciative (PTI), uma iniciativa global da indústria mundial de alimentos frescos para criar e padronizar sistemas e processos de rastreabilidade ao redor do globo.
"Estamos nos antecipando ao mercado porque sabemos que a rastreabilidade e a segurança alimentar são uma tendência mundial e estar à frente nesse processo vai nos trazer vantagens competitivas", resume Amanda Prado Teixeira, analista de processos da Itaueira Agropecuária. A conclusão do projeto de adequação às normas do PTI exigirá um desembolso adicional de R$ 60 mil.
A empresa explora melão em três fazendas implantadas em Aracati (CE), Ribeira do Amparo (BA) e Canto do Buriti (PI), de onde extrai uma produção anual equivalente a 6 milhões de caixas, algo em torno de 60 mil toneladas da fruta por ano, das quais perto 10% são embarcados rumo aos mercados dos Estados Unidos, Canadá, Holanda, Espanha e Itália.
A plataforma tecnológica instalada para fazer a rastreabilidade, integrada ao sistema de gestão empresarial, permite acompanhar a produção desde o plantio até a venda, "com o registro de todas as operações e insumos utilizados em cada área de produção", diz Amanda, além de abrir o acesso on-line a todas as informações coletadas ao longo do rastreamento. A empresa prevê investir R$ 35 mil para instalação do QR Code para fazer o rastreamento fruta a fruta.