Reflexões sobre a crise de preços do café e muita confiança no papel da pesquisa agropecuária e no potencial do setor produtivo em agregar valor à cafeicultura marcaram a solenidade de abertura do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, ocorrido na noite de ontem, 25 de novembro, em Salvador (BA). Em seus discursos, autoridades presentes ao evento ressaltaram os índices de produtividade das lavouras de café brasileiras, que cresceram 150% nos últimos 16 anos, chamaram a atenção para a necessidade de políticas públicas para o setor, em especial no que se refere às relações de trabalho no campo, e reafirmaram a capacidade de inclusão social da atividade cafeeira.
O Secretário de Agricultura do Estado da Bahia, Eduardo Salles, convidado a fazer a palestra de abertura do Simpósio, traçou o perfil da cafeicultura baiana. São 167 municípios produtores, o que representa 40% do total do Estado, 24 mil propriedades – a grande maioria, estabelecimentos de agricultura familiar - e 250 mil empregos gerados, sendo 150 mil fixos. A produção anual é de 2,2 milhões de sacas e a produtividade média, de 18 sacas por hectare. A Bahia tem, no período de 2010 a 2013, se mantido na quarta posição no ranking nacional, no que se refere à produção. Salles mencionou as estratégias de criação de câmaras setoriais e a adoção do planejamento estratégico voltadas à valorização da agricultura baiana em geral e do café em particular.
Eduardo Salles comentou, ainda, o contexto nacional da cafeicultura. Disse que, para a manutenção da competitividade do café brasileiro, é preciso repensar e modernizar o setor, defendendo relações trabalhistas mais flexíveis, que contemplem as possibilidades de trabalhos temporários, sem que sejam afetados os direitos conquistados pelos trabalhadores. Elogiou a atuação do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café (Brasília,DF), e afirmou a importância do Simpósio para as discussões sobre os mais recentes conhecimentos gerados por pesquisadores, que contribuirão, nas suas palavras, para a modernidade da cultura cafeeira.
Produtividade
O Gerente Geral da Embrapa Café (Brasília, DF), Gabriel Bartholo, ressaltou a importância do Consórcio Pesquisa Café. “Nos últimos 16 anos, desde a criação do Consórcio, o incremento das ações de pesquisa e de transferência de tecnologia, conduzidas pelas instituições que dele fazem parte, tornou possível o aumento da produtividade do café brasileiro, que passou de 10 sacas por hectare para 24 ou 25 sacas por hectare, tendo sido mantida a mesma área de plantio”, disse. “A recomendação e a adoção de tecnologias ajustadas às regiões, entre elas a irrigação, o controle de pragas e doenças e as boas práticas agrícolas, enfim, têm feito a diferença e permitido respostas satisfatórias aos produtores”, concluiu, lembrando também a necessidade de manter a atenção sobre as demandas do setor produtivo para o constante aprimoramento dos processos de pesquisa e geração de conhecimentos.
O reconhecimento à importância da pesquisa agropecuária, da realização do Simpósio e da união entre os diversos agentes da cadeia produtiva do café, para fortalecer o setor e enfrentar a crise de preços, foi o tom também das falas do presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo; do diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná e presidente do Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuaria (Consepa), Florindo Dalberto; e do reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Paulo Roberto Santos.
Sobre o Simpósio
O Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil é realizado a cada dois anos pelo Consórcio Pesquisa Café. Essa é a 8ª. Edição do evento. O tema deste ano é “Sustentabilidade e Inclusão Social”.O principal objetivo do evento é promover ampla discussão com a comunidade científica e com representantes dos diversos setores da cadeia produtiva do café sobre conceitos modernos de produção para estimular debates permanentes de temas relacionados ao agronegócio café, que visem garantir o aumento da competitividade, melhoria da qualidade do produto e a sustentabilidade do setor cafeeiro, com inclusão social. O público-alvo constitui-se de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes universitários, extensionistas, lideranças de associações e cooperativas, empresários, cafeicultores e demais segmentos interessados no desenvolvimento do agronegócio café, imprensa especializada e comunidade em geral, do país e do exterior.